O Tibete é actualmente um território chinês com alguma autonomia, com uma certa tradição teocrata que se mantém viva pelo governo no exílio do Dalai Lama, líder espiritual do Budismo Tibetano, e com parte da população empenhada numa independência que já existiu. É o território habitado mais elevado da Terra e um dos mais isolados, rodeado de montanhas como os Himalaias em cuja cordilheira se ergue o ponto mais elevado do planeta, o Pico do Evereste. A resistência ao domínio da China reacendeu-se recentemente, aproveitando a visibilidade que os Jogos Olímpicos de Pequim conferem ao regime chinês, regime neste contexto menos folgado para prosseguir a ocupação política e cultural do território. Lhasa, a capital, dita a "cidade dos deuses", ergue-se a 3700 m de altitude e ostenta uma luminosidade única que transformam as suas ruas medievais em espaços inesquecíveis, ultimamente palco de manifestações violentas que já causaram 18 mortos, segundo Pequim, e 140 segundo os tibetanos Uma crise política que encontra eco em várias cidades do Mundo, com protestos junto de embaixadas chinesas, e que ameaça o próprio êxito dos Jogos Olímpicos face à possibilidade de um boicote internacional semelhante ao que sofreram os Jogos Olímpicos de Moscovo, então, em 1980, em protesto pela ocupação soviética do Afeganistão. O tema da situação política do Tibete tem condições para se impor mediaticamente com mais força do que o tema da Guerra no Iraque, apesar do desgaste que esta invasão está a provocar aos Estados Unidos da América, em ano de eleições presidenciais e quando já morreram mais de 4000 soldados norte-americanos. Isto sem esquecer as centenas de milhares de mortos e refugiados iraquianos. Em África, no Zimbabué, Roberto Mugabe prepara-se para assumir o sexto mandato presidencial, com a garantia de quem afirma que a "oposição jamais chegará ao Poder". Um desfecho que será seguramente polémico, mesmo que as eleições venham a ser consideradas como tendo sido realizadas num quadro aceitável de democracia.
Júlio Roldão
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