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Aumenta o isolamento americano em conferência sobre clima

Os Estados Unidos ficaram mais isolados na conferência de Bali sobre o clima, depois de a Austrália declarar o seu "apoio total" às reduções em massa de emissão de gases causadores do efeito estufa.
O país que mais contribui para o aquecimento global manteve a sua oposição a todos os acordos multilaterais que impliquem um controle das suas emissões. "A nossa posição não mudou", declarou Harlan Watson, chefe da delegação americana nas discussões de Bali, cujo objectivo principal foi elaborar as linhas gerais da política climática mundial para depois de 2012, quando expira o Protocolo de Kyoto. Watson disse que não considerava a proposta apresentada por uma comissão do Senado americano no sentido de adoptar medidas mais severas para limitar as emissões de gases causadores do efeito estufa.
A única ferramenta internacional para diminuir o aquecimento do planeta é o Protocolo de Kyoto, e os Estados Unidos foram o único país desenvolvido que não ratificou o texto. A Austrália, que mantinha a mesma postura, finalmente aderiu ao acordo. As autoridades australianas anunciaram durante a conferência de Bali que aceitam as advertências e recomendações dos especialistas internacionais sobre a evolução do clima (IPCC), com uma redução de 25% a 40% nas emissões de gases causadores do efeito estufa até 2020 para os países desenvolvidos.
"Nós apoiamos totalmente essas metas", disse à AFP um membro da delegação australiana em Bali. Estes números aproximam-se dos compromissos assumidos pela União Europeia (UE), considerada uma "boa aluna" entre os países ricos.
A UE comprometeu-se a reduziras as suas emissões em pelo menos 20% até 2020, e mesmo até, pelo menos, 30% se os outros países industrializados se comprometerem também.
Mas o novo primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd, deu mais tarde a impressão de andar para trás. "Alguns países indicaram que não aceitarão obrigatoriamente essas metas, e tampouco aceitam os objectivos vinculativos que os envolvem, disse Rudd em Brisbane. "Essa é também a posição do governo australiano", afirmou.
O secretário executivo da Convenção sobre o Clima da ONU, Yvo de Boer, constatou por seu lado a diferença entre as posições dos parlamentares americanos e as do seu governo.
"Evidentemente há diferenças significativas entre as posições adoptadas por certo número de senadores e de membros do Congresso americano e as da Casa Branca", afirmou. Uma ONG americana apresentou um relatório que apontava para emissões impressionantes dos Estados americanos.
Segundo a National Environment Trust (NET), o Estado do Texas (23,7 milhões de habitantes) contamina mais que 116 países em vias de desenvolvimento com um total superior a 1.000 milhões de pessoas.
Wyoming, o Estado americano menos densamente povoado, com 510.000 habitantes, emite mais CO2 que 69 países em vias de desenvolvimento juntos, con um total de 357 milhões de indivíduos.
É imprescindível que os países industrializados se concentrem nos esforços para reduzirem as suas emissões entre os 25 por cento e os 40 por cento até 2020, insistiu de Yvo Boer.

AFP


  
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Edição:

N.º 174
Ano 17, Janeiro 2008

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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