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Preservação ambiental: o papel da escola
A intervenção do homem sobre a natureza, consumindo os recursos naturais e degradando o ambiente, tem provocado consequências nefastas para o planeta e para a vida. A produção e emissão de gases têm destruído a camada de ozónio e promovido o aquecimento global, aumento do nível do mar, ameaça à biodiversidade, escassez hídrica, desertificação, regressão florestal, etc.
Apesar disso, as políticas e medidas que contrariam sua emissão e os problemas decorrentes, tem sido pequena e protelada.
Certo de que avanços nessas áreas dependem de acções tecnológicas; é imprescindível que a sociedade adira a causa. As pessoas precisam aprender a adoptar atitudes simples, mas que provocam grandes efeitos.
Algumas, tal como a redução do consumo de energia eléctrica e água, conseguida pelo consumo eficiente, utilização de fontes renováveis e reciclagem; têm sido consideradas essenciais para o equilíbrio global, além de estarem associadas a ganhos económicos.
A diminuição dos problemas depende de progressos em outras áreas e está sujeita as políticas, mas a educação pode ser, sem dúvida, a "pedra de toque" na consecução da recuperação terrestre.
Admitindo que a conservação do ambiente depende da capacidade das pessoas aprenderem a protegê-lo; a escola, embora não seja a única, deve ser considerara excelente, não só para ensinar conteúdos e competências, mas estimular o desejo e prazer de cuidar da terra.
Sabemos que é nas crianças e jovens que se pode transformar atitudes em hábitos, assim, cabe ensinar a reciclar, reduzir e reutilizar, transformando esses actos numa rotina.
Sem discutir a inclusão desses saberes no currículo, os professores de todas as disciplinas, podem contribuir, integrando as questões ambientais aos programas; contrariando as pequenas acções, realizadas de forma esporádica e desorganizadas, motivadas pelo modismo.
Entretanto, para que a escola seja feliz na formação de cidadãos comprometidos com o ambiente, ela mesma tem que se constituir numa comunidade ecológica, se revestindo de valores de preservação e comungando com a terra. Não lhe basta ensinar conteúdos, mas promover a construção bio-psico-social do homem.
O homem é constituído ontologicamente de cuidado, de sentimentos e de contemplação, sem essas dimensões não é humano. Precisamos pois, lutar contra uma lógica destrutiva e desumanizadora, desprovida de espiritualidade e beleza. Trata-se de nos libertarmos através da capacidade, ela mesma humana, de sentir e de se escandalizar com o mau trato da terra, o que só poderá ser feito se obedecermos mais ao coração e menos a exploração dos recursos e se a escola se juntar à causa.
O quadro é alarmante, mas não pode ser usado como desculpa para a inércia. Ainda é possível ter esperança. De fato, os problemas ambientais têm solução, e nós sabemos quais são. Resta ultrapassar o modismo, a inércia e a ganância económica; resta principalmente admitir que a salvação do planeta passa indiscutivelmente pela escola.

  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 171
Ano 16, Outubro 2007

Autoria:

Luiz Gustavo Lima Freire
Psicólogo, mestrando em Psicologia da Educação pela Faculdade de Psicologia e Ciências da educação da Universidade de Lisboa.
Luiz Gustavo Lima Freire
Psicólogo, mestrando em Psicologia da Educação pela Faculdade de Psicologia e Ciências da educação da Universidade de Lisboa.

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