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Territórios de acesso reservado
Em pleno sudeste asiático, encostada à China, à Índia, ao Bangladesh, à Tailândia e ao Laos, a Birmânia volta a estar no centro das atenções dos órgãos de comunicação social com novo fôlego da oposição democrática a tentar uma alteração ao regime de ditadura militar que vigora no país.

Aung San Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz e rosto emblemático da resistência birmanesa, actualmente em prisão domiciliária, já depois de uma nova detenção arbitrária nas prisões do regime, ocorrida este ano, apareceu à porta de casa para saudar manifestantes que protagonizam o presente movimento.

Na primeira linha destas manifestações mostram-se monges budistas, o que revela o profundo isolamento em que se encontra a Junta Militar que sufoca o país à frente de um regime tão ilegítimo e agarrado ao poder que não hesita em assassinar quem ouse manifestar-se contra, mesmo que sejam monges.

A Junta proibiu os ajuntamentos de mais de cinco pessoas, decretou o recolher obrigatório na capital e declarou o centro da cidade local de acesso reservado, eufemismo normalmente utilizado para caracterizar zonas de Guerra. Há notícias do assassínio de três monges que integravam uma manifestação.

Este ciclo de protestos contra o regime iniciou-se em Agosto com manifestações convocadas para reagir a uma situação também sufocante, no plano económico, para as populações, sem meios mínimos para sobreviver com dignidade num cenário de inflação galopante.

Pior e sem perspectivas de um qualquer exílio, vivem os iraquianos, território de acesso tão militarmente reservado que a admitida retirada dos ocupantes poderá ser tão mortífera quanto a permanência da ocupação ? a situação vivida é tão má que parece preferível a humilhação da perda de soberania.

George W. Bush insiste em adiar a data para a retirada das tropas americanas, apesar do Senado começar a falar na necessidade dessa decisão, agora que se aproximam as eleições presidenciais norte-americanas, muito mais sentida e mais desejada. Bush não pode ser reeleito e os que querem suceder-lhe preferem parecer mais diplomáticos do que guerreiros.

  
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Edição:

N.º 171
Ano 16, Outubro 2007

Autoria:

Júlio Roldão
Jornalista do Jornal de Notícias
Júlio Roldão
Jornalista do Jornal de Notícias

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