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O papel dos Centros de Formação de Professores
Os Centros de Formação de Professores são uma completa desilusão. Por via deles mostramos um fausto, um frenesim e uma fartura, que são a antítese da nossa escola triste e de barriga vazia!
Para que servem os Centros de Formação de Professores?
- Para engrossar o exército de funcionários públicos?
- Para vender créditos aos docentes?
- Para rivalizar com o mercado de ocupação de tempos livres dos agentes educativos?
- Para proporcionar uns aditivos remuneratórios a uns tantos que por aí andam a vender formação «pronto-a-vestir»?
- Para promover a actualização e o desenvolvimento integral agentes educativos?
- Para melhorar os resultados e a qualidade dos resultados escolares dos alunos?
- Para esbanjar os fundos comunitários?
- Para, por via de recursos humanos mais competentes, contribuir para o desenvolvimento de dinâmicas de autonomia e de responsabilidade social das escolas?
Será que os Centros de Formação de Professores, ao longo da sua existência de mais de uma década, foram factor de promoção da qualidade educativa? Cremos que não. Podiam ter sido? Podiam. Então, o que falhou?
- Muitos deles nunca se adaptaram às estruturas que os acolheram.
- A escolha de planos de formação vistosos, publicados nos jornais mais lidos da terra, com formadores de nome e com acções da moda.
- A subordinação da Formação à ditadura dos créditos.
- A prevalência dos interesses dos professores sobre o interesse dos alunos.
- A falta de diagnósticos fiáveis sobre as necessidades de formação dos agentes.
- Nunca se cuidou da formação dos professores para o relacionamento inter-pessoal, para a adesão à auto-formação (eficaz processo de formação), para os intercâmbios entre jovens, para uma atitude de esperança em relação ao futuro, para o perscrutar do amanhã por entre as frestas da sociedade de hoje, para a humanização das relações, para um olhar crítico em relação a uma sociedade que nos engana com a sedução dos mercados, para a adesão à mudança, para os novos paradigmas económicos e sociais, para os desequilíbrios que minam a estabilidade social, para a evolução da estrutura familiar, para os grandes flagelos da fome, da droga, do abandono, do desemprego, da guerra, do terrorismo, da pedofilia, etc.
«É urgente formar os professores». Formem-se os professores. Mas, será que os professores se formam e, pronto, estão arranjados, estão prontos para tudo e para sempre? Mentira! Demagogia saloia! Os professores, como os demais trabalhadores, têm que investir, sempre, cada vez mais, na sua permanente valorização, como condição necessária para consolidarem uma carreira profissional longa e de sucesso.
Os Centros de Formação ainda podem ser regenerados? Sim, sob condições:
- Que se reconduzam à função de servir a Escola e os Alunos.
- Que olhem mais para o interior das escolas e para a realidade actual da função docente.
- Que escolham e ofereçam acções que se perspectivem no sentido de melhorar os resultados e a qualidade dos resultados escolares dos alunos.
- Que trabalhem com as escolas, para as escolas, e não acima das escolas ou contra as escolas.
- Que não sobrevalorizem a problemática dos créditos.
- Que gastem apenas o necessário e naquilo que for essencial.
- Que não se ponham a jeito de servir os poderes.
- Que sejam estruturas de professores para a qualificação da educação e não estruturas de professores ao serviço dos professores.
- Que ofereçam acções com objectivos claros e consonantes com o sentido finalista da sua existência: valorização dos professores, melhoria do ensino.
- Que sejam estruturas pequenas, humildes, discretas, operárias, reflexivas, prontas para a mudança, em busca de uma independência financeira que abra as portas de uma sã autonomia.
Não há pior doente do que o doente que passa o dia a lastimar-se e a dizer que está a morrer. Quando, de facto, estiver a morrer, alguém o tomará a sério?

  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 169
Ano 16, Julho 2007

Autoria:

José Fernando Rodrigues Alves Pinto
Mestre em Estudos Económicos e Sociais pela Univ. do Minho. Escola Secundária Francisco de Holanda, Guimarães.
José Fernando Rodrigues Alves Pinto
Mestre em Estudos Económicos e Sociais pela Univ. do Minho. Escola Secundária Francisco de Holanda, Guimarães.

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