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Relatório da ONU critica governo iraquiano por esconder número de mortos provocados pela guerra
A Missão de Assistência das Nações Unidas para o Iraque (Unami) criticou recentemente o governo iraquiano por este não permitir o acesso aos dados do ministério da Saúde que permitem fazer uma estimativa do número de mortos provocados pela guerra no primeiro trimestre deste ano.
O primeiro-ministro iraquiano Nuri al-Maliki reagiu às acusações alegando "reservas" do seu governo quanto à credibilidade dos números avançados no anterior relatório. "Apesar da plena e total cooperação do governo iraquiano, a maior parte das informações contidas no relatório não provém de fontes fidedignas", afirmou al-Maliki.
O governo iraquiano acusa a Unami de ter exagerado os números do relatório
anterior, que estabeleceu em mais de 34.400 o número de mortes provocadas pela violência em 2006. A missão da ONU, porém, afirma que se limitou a compilar os dados fornecidos pelo ministério da Saúde.
O referido relatório afirmava ainda que pelo menos 37.641 pessoas se encontravam detidas nas penitenciárias iraquianas e americanas no Iraque no final de Março e manifestava preocupações quanto ao destino dos prisioneiros.
Com base em dados do ministério iraquiano responsável pelos direitos humanos, a Unami refere que cerca de 3 mil pessoas haviam sido detidos após o início da aplicação do plano de segurança de Bagdad a 14 de Fevereiro.
De acordo com a missão da ONU, este plano reduz as garantias de liberdade da população já que "autoriza detenções sem ordem de prisão". A Unami denuncia ainda a extensão sem limite destas detenções provisórias por parte das tropas da coligação liderada pelos Estados Unidos, baseadas em critérios fora do alcance destas medidas excepcionais, após a invasão em Março de 2003. No total, 17.898 pessoas encontram-se detidas em prisões americanas.
O relatório trimestral sobre a situação dos direitos humanos no Iraque,
divulgado em Bagdad, refere ainda que, só no ano passado, mais de 700 mil iraquianos tiveram de abandonar as suas casas por causa da onda de violência sectária despoletada pelo atentado contra a mesquita de Al-Askari, em Samarra, em Fevereiro de 2006".
Antes deste atentado, perto de 1,2 milhões de pessoas haviam já fugido das suas casas por causa da violência. A capital Bagdad é o local mais afectado por esta ocorrência, calculando-se em 120 mil o número de deslocados. Cerca de 87 por cento procura refúgio no centro ou sul do país.
A Unami alerta igualmente para a possibilidade de ocorrência de uma crise humanitária que poderá afectar mais de 5,9 milhões de pessoas caso se verifiquem problemas na distribuição de alimentos.

  
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Edição:

N.º 167
Ano 16, Maio 2007

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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