Um comboio sem travões
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Podia ser a definição de guerra mas é a imagem que o presidente do Irão, Mahmoud Ahma, escolheu para definir a irreversibilidade do programa nuclear iraniano. "O Irão domina a tecnologia da produção de combustível nuclear. Este é um comboio que avança e que deixou de ter travões e marcha-atrás", disse o presidente, falando para militares e polícias iranianos. A resposta não se fez esperar. O vice-presidente norte-americano Dick Cheney admitiu o recurso à opção militar para deter as ambições nucleares iranianas. "Seria um grave erro se um país como o Irão se tornasse uma potência nuclear", disse o nº 2 dos Estados Unidos da América em Sydney, falando numa conferência de imprensa ao lado do primeiro-ministro australiano John Howard. O Conselho de Segurança da ONU aprovou, em Dezembro passado, uma resolução com sanções ao Irão se o programa iraniano de enriquecimento de urânio não fosse suspenso numa prazo máximo de 60 dias. Segundo a Agência Internacional da Energia Atómica, em vésperas do fim do prazo concedido, o Irão não estará a cumprir o ultimato. Neste contexto, Washington, Londres e Paris, três membros efectivos do clube nuclear, defendem a adopção de sanções mais fortes contra Teerão. Os outros dois países que reconhecidamente possuem armas nucleares ? a China e a Rússia ? mostram-se mais moderados, posição que também é seguida pela Alemanha, uma potencia não nuclear. George Bush, cuja estratégia belicista, nomeadamente no Iraque, tem vindo a perder, internamente, apoios, nega qualquer intenção de entrar em guerra com o Irão, falando em acções diplomáticas tendentes a evitar que Teerão aceda à tecnologia nuclear, hipótese que os próprios iranianos parecem não inviabilizar ao dizerem-se abertos a um diálogo sem condições Mas o vice- ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de Teerão, Manouchehr Mohammadi vai dizendo que o país está preparado para enfrentar todas as situações, incluindo a guerra, enquanto alguma imprensa ocidental normalmente bem informada em matéria de defesa revela que os Estados Unidos já elaboram os planos para atacar o Irão. Nós, que vemos vários canais de televisão, estamos preparados para aceitar esta "inevitabilidade". Pior estão os soldados que continuam a ir para o Iraque e principalmente os iraquianos, como por exemplo os estudantes da Faculdade de Economia da Universidade de Bagdade, os alvos mais mediáticos da violência no dia em que sublinhava estas linhas.
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Ficha do Artigo
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Edição:
Ano 16, Março 2007
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Autoria:
Jornalista do Jornal de Notícias
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