RELIGIÃO
Uma das figuras mais prestigiadas da esfera eclesiástica italiana, o cardeal de Milão, Carlo Maria Martini, relançou o debate sobre a eutanásia em Itália criticando indirectamente a igreja católica pela sua intransigência face ao recente caso de Pierluigi Welby, assistido na morte por um médico que, a pedido do doente, desligou o respirador que o mantinha vivo. Num extenso artigo de opinião publicado no diário Il Sole 24Ore, Martini, de 80 anos, criticou em particular a posição da igreja em recusar um funeral religioso a Welby e defendeu que se "mantém em aberto a exigência de elaborar uma normativa que reconheça a possibilidade de um doente terminal rejeitar um tratamento (?) sem que através disso se legalize a eutanásia". No mesmo artigo, o prelado, considerado uma das figuras mais carismáticas da igreja progressista, convidou a igreja a não fechar os olhos a este fenómeno e a saber distinguir entre a eutanásia e a recusa de tratamento médico, "dois conceitos que frequentemente se confundem". A eutanásia, explicou, é um "gesto que tem como objectivo pôr termo à vida, causando positivamente a morte", ao passo que a recusa de tratamentos que prolongam a vida em casos terminais supõe "a renúncia a procedimentos médicos desproporcionados e sem esperança de resultados positivos". Segundo uma recente sondagem realizada em Itália, 68 por cento dos inquiridos aprova a legalização da eutanásia.
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