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Educar, como?
Na sociedade Portuguesa dos nossos dias, a educação para os princípios básicos da humanidade é esquecida e muitas vezes encontra-se desconjuntada da realidade. A sociedade preocupa-se mais com os resultados finais do que com a construção de um ser humanizado. Vivemos numa sociedade constrangida pelos objectivos materialistas, na qual as nossas crianças são vitimadas deste propósito. A educação não é só ensinar e aprender, é muito mais que isso, a educação é saber conhecer, aquilatar, julgar, construir o conhecimento e a sabedoria, contudo ao longo da evolução das culturas a educação é reorganizada em função dessa nova cultura, mas muitas vezes é mal reordenada, e demora a conseguir a sua adaptação. Mas será que o que se passa nas nossas escolas é educar, será que nós educamos as nossas crianças, ou simplesmente transmitimos conhecimentos que muitas das vezes são infrutíferos. Qual é o peso de um ensino deturpado na educação das crianças, será que este terá algum efeito indulgente; vejo as crianças cada vez mais tristes, infelizes, abandonadas, transformadas em adultos de "palmo e meio", sem amor-próprio, crianças submissas à triste realidade que as rodeia, crianças que não sabem brincar, que são esquecidas pelos pais, pela sociedade, por todos nós. O futuro de um país, são as crianças, então que preocupações subsistem com elas, que preocupações existem na sociedade Portuguesa? Resultados escolares, será esta a poção mágica para os problemas das nossas crianças, ou será que os resultados escolares dentro de um processo social são meramente superficiais. O processo de aprendizagem de um ser humano ao longo da sua vida é constante e não termina no escola, será pois, deveras importante consciencializar a criança para a moralidade, para uma probidade, para uma rectidão dos seus actos, consciencializando na criança as virtudes da humanidade, construindo assim nesta uma personalidade íntegra. Devemos, então educar as nossas crianças para uma cidadania, partindo dos princípios básicos do viver em sociedade, ensinando as crianças a serem crianças. As crianças são as mais prejudicadas nesta nova sociedade que coloca de parte os princípios essenciais da humanização, todos nós, pais, professores, educadores, organizações, devem reformular o ensino escolar em prol das crianças, vejo a sociedade mais preocupada com os problemas financeiros do que com os problemas sociais, logo todo este processo de educação para a cidadania é esquecido, mas, não será somente uma educação para aquilo que se deve ou não fazer, mas também para a construção de uma personalidade orientada para as relações interpessoais. A sociedade é um grupo extenso e duradouro, que se junta num determinado espaço, sendo uma necessidade de primeira estância a procura de uma protecção, o homem tem pois, uma sociabilidade inata, procurando assim viver em sociedade, visto sentir-se desta forma mais feliz, mas estas novas sociedades urbanas que englobam os sentimentos e comportamentos da comunidade e não do indivíduo, transforma-nos em agentes deste urbanismo, partilhando os mesmos ideais, as mesmas formas de comportamentos, logo, somos aquilo que é a sociedade. A nossa sociedade necessitava de ser submetida a uma sociatria globalizante. Sem construirmos uma sociedade com os quatro pilares de uma educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a viver juntos, jamais conseguiremos consciencializar os nossos jovens para um agir ético. È urgente, realizar uma ruptura com a educação tradicionalista, não será com medidas esporádicas, com projectos inconclusivos, com um investimento quixotesco, que conseguiremos dar o passo fulcral para uma nova educação. È necessário uma reflexão profunda nas políticas educacionais altruístas, emproadas, altivas, e olhar-mos simplesmente à nossa volta analisando os verdadeiros problemas sociais que pode conduzir este modelo educacional.

  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 162
Ano 15, Dezembro 2006

Autoria:

Gui Duarte Meira Pestana
Coordenador e Docente do Curso de Motricidade Humana Instituto Piaget, ISEIT - Mirandela
Gui Duarte Meira Pestana
Coordenador e Docente do Curso de Motricidade Humana Instituto Piaget, ISEIT - Mirandela

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