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Romancista turco Orhan Pamuk recebeu o Prémio Nobel de Literatura de 2006

Nobel da literatura - 2006

O escritor turco Orhan Pamuk, de 54 anos, recebeu no dia 12 de Outubro a notícia de lhe ter sido atribuído o Prémio Nobel de Literatura de 2006.
?É uma grande honra, um grande prazer", disse Pamuk a jornalistas na Universidade de Columbia em Nova York, onde estudou nos anos 80. "Estou muito feliz. Julgo que é um reconhecimento pelo meu trabalho e pela minha modesta dedicação à grande arte do romance. O prémio não mudará os meus hábitos de escrita", prometeu aos leitores.
Orhan Pamuk já tinha recebido outros prémios literários no estrangeiro, entre eles o prestigiado Prémio da Paz dos livreiros alemães em Outubro de 2005. No seu país, a Turquia, foi considerado um renegado pelo facto de ter manifestado interesse pelas questões  arménia e curda. "Um milhão de arménios e 30.000 curdos morreram nessas terras, mas ninguém, além de mim, ousa dizê-lo", tinha afirmado em Fevereiro de 2005 a uma revista suíça.
O júri considerou que o escritor, "na busca pela alma melancólica da sua cidade natal, descobriu novos símbolos para o combate e a mistura de culturas". Orhan Pamuk é autor de uma obra que tem em conta o posicionamento da sociedade turca entre o Oriente e o Ocidente. É autor de "Istambul: memórias e a cidade", "O livro negro", "A vida nova", "Chamo-me Vermelho", "Neve", entre outros livros.
Nascido em 7 de Junho de 1952 numa família abastada de Istambul, o escritor abandonou aos 23 anos de idade os estudos de arquitectura para se dedicar completamente à literatura. Sete anos mais tarde publicou o seu primeiro romance. Mas foi com a sua sexta obra, "Chamo-me Vermelho", que recebeu o reconhecimento público.
As suas referências ao massacre de arménios às mãos do Império Otomano, assim como ao conflito curdo no sudeste do país, levantaram uma onda de protestos na Turquia. Recebeu ameaças de morte. Uma autoridade de província chegou a ordenar a destruição dos seus livros, ordem anulada pelo poder central turco que, com os olhos postos na entrada na União Europeia, cuida mais dos direitos humanos.
A atribuição do Nobel da Literatura a um escritor turco foi bem acolhida pela Comissão Europeia. "O prémio Nobel de hoje é uma boa notícia para a literatura mundial, mas também uma boa notícia para a liberdade artística e para a liberdade de expressão em particular", declarou o comissário europeu para o alargamento, Olli Rehn, ao ter conhecimento da atribuição do prémio. "É uma boa notícia para todos aqueles que querem falar, buscar, conhecer a verdade, continuar o diálogo, intercambiar pensamentos e conhecimentos, não apenas na Turquia, mas em todas as partes, na Europa e no mundo", insistiu o comissário.
Pamuk, dividido entre a sua dissidência política e o seu desejo de ver a Turquia na União Europeia, recebeu com irritação o facto de na Europa terem utilizado o seu caso judicial como um argumento contra o ingresso do seu país na UE.
A obra de Pamuk é reveladora da realidade vivida pela Turquia.  As suas tentativas de se converter num país plenamente europeu, com a  sua divisão entre o Islão e o secularismo, a tradição e a modernidade, encontram-se no centro das sua preocupações literárias.
O novo Nobel de Literatura vai receber, como os outros prémios Nobel, 10 milhões de coroas suecas (1,1 milhões de euros). A entrega dos prémios Nobel ocorrerá no dia 10 de Dezembro numa cerimónia em Estocolmo, sendo que o da Paz ocorrerá na mesma data mas em Oslo.

Últimos 15 vencedores do Nobel de Literatura

2006: Orhan Pamuk ? Turquia
2005: Harold Pinter ? Grã-Bretanha
2004: Elfriede Jelinek ? Áustria
2003: John Maxwell Coetzee ? África do Sul
2002: Imre Kertész ? Hungria
2001: VS Naipaul ? Grã-Bretanha
2000: Gao Xingjian ? França
1999: Gunter Grass ? Alemanha
1998: José Saramago ? Portugal
1997: Dario Fo ? Itália
1996: Wislawa Szymborska ? Polónia
1995: Seamus Heaney ? Irlanda
1994: Kenzaburo Oe ? Japão
1993: Toni Morrison ? Estados Unidos
1992: Derek Walcott ? Santa Lúcia


  
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Edição:

N.º 161
Ano 15, Novembro 2006

Autoria:

José Paulo Serralheiro
Professor e Jornalista. Director do Jornal a Página da Educação.
AFP
Agence France-Presse
José Paulo Serralheiro
Professor e Jornalista. Director do Jornal a Página da Educação.
AFP
Agence France-Presse

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