O ESTADO e a RELIGIÃO
Cinco regiões russas decidiram considerar obrigatório o ensino da «cultura» ortodoxa nas escolas. Apesar de uma polémica que durou cinco anos e que envolveu outras religiões, as autoridades de cinco regiões ? nas quais se incluem Belgorod, Toula e Koursk ? introduziram os «Fundamentos da Cultura Ortodoxa» (OPK). Estas regiões são maioritariamente ortodoxas mas a iniciativa inquieta num pais que conta com 2o milhões de muçulmanos, nomeadamente na República do Cáucaso russo. «O nosso pais é multicofessional. Devemos ser tolerantes ensinando a história de todas as religiões», lamentou o ministro da educação Andrei Foursenko. «Esta medida autoritária e injusta, aos olhos das outras confissões, vai contribuir para agravar a xenofobia» considerou Vladimir Iliouchenko, investigador do Instituto de Sociologia da Academia Russa de Ciências. O problema da xenofobia é, cada vez mais sensível na Rússia. O número de mortes causada por motivos racistas triplicou na Primavera em relação ao mesmo período de 2005. Após a queda do comunismo, a Igreja Ortodoxa conheceu um desenvolvimento constante na Rússia. Um crescimento encorajado pelas autoridades e facilitado pela ressaca do desaparecimento da ideologia marxista a nível oficial. «Na URSS não podíamos dizer que éramos crentes. Agora não podemos dizer que somos ateus», lamentava-se o quotidiano Izvestia.
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