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O globish à conquista do mundo

"Don't speak English, fale globish." O credo de Jean-Paul Nerriére, que esteve na origem do globish ? ou inglês global ?, é muito simples: trata-se de simplificar a gramática e o vocabulário ingleses e tornar a língua mais falada do mundo acessível a todos.
A ideia vem de 1989, quando Jean-Paul Nerriére era vice-presidente da IBM nos Estados Unidos e responsável mundial de marketing do gigante informático. Ao falar inglês com os seus interlocutores, apercebeu-se que comunicava melhor com os japoneses do que os americanos.
?Eles compreendiam-me mais facilmente. Como ambos cometíamos erros, eles tinham menos receio de falar comigo e sabiam que podiam simplificar o inglês?, explica. A experiência repete-se com outros interlocutores não anglófonos, levando Jean-Paul Nerriére a pedir aos colaboradores americanos para modificar a sua forma de falar, procurando comunicar através de um inglês global. Assim nascia o globish.
Após a reforma, Nerriére, de 65 anos, mete mãos à obra e publica dois livros, ?Fale globish? e ?Descubra o globish?, editados em 2004 e 2005, que venderam 20 mil exemplares e foram traduzidos para italiano, castelhano e coreano.
?É preferível que a língua inglesa seja compreendida em todo o mundo aligeirando o vocabulário e a sintaxe. Com 1500 palavras, é possível falar o essencial do inglês?, diz Nerriére, explicando, por exemplo, que em globish ?my nephew? (o meu sobrinho) se traduz por ?the son of my brother? (o filho do meu sobrinho) ou ?overwhelming majoritiy? (uma maioria esmagadora) pode ser o equivalente a ?larga maioria?.
O professor de inglês para estrangeiros, Alaistar Gunn, duvida desta teoria e afirma que, para os jovens, falar globish seria ?catastrófico?. ?Que fariam eles perante os americanos, os neo-zelandeses ou mesmo os suecos??, questiona-se Gunn. 
Quanto a Nerriére, mantém a opinião de que o globish, enriquecido por vocabulário adequado a cada sector de actividade, é suficiente para se fazer compreender, recordando que esta ?língua? não tem propriamente como objectivo ?contribuir para apreciar livros de Oscar Wilde em versão original?.


  
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Edição:

N.º 153
Ano 15, Fevereiro 2006

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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