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A avaliação escolar não dispensa a afectividade

"Mestre é quem, de repente, aprende."
Guimarães Rosa

A observação assistemática de crianças das séries iniciais do ensino fundamental vem produzindo discussões pedagógicas, uma vez que é cada vez mais comum encontrar no espaço escolar uma avaliação ameaçadora, que prenuncia castigo.
Descomprometida com a aprendizagem do aluno, contribui para auto-imagem negativa, causando reprovação e repetência e ainda fracasso escolar.
Muitas vezes a avaliação do rendimento escolar não é usada adequadamente pelos professores, que não respeitam o ambiente no qual o aluno está inserido. Numa educação que prioriza o depósito de informações, onde um ensina e o outro aprende, os instrumentos de avaliação são utilizados apenas como medidores do conhecimento, e com isso, afastam-se das características humanas, posicionando-se como uma ferramenta de exclusão escolar e social, não considerando o aspecto sócio-emocional que resulta num distanciamento entre professor e aluno.
O cotidiano na sala de aula nos leva a verificar que existe uma proximidade entre a afetividade, o desenvolvimento cognitivo do aluno e também sua avaliação. O que confirma os problemas de aprendizagem causados pela má organização dos esquemas afetivos, principalmente na faixa etária de 6 a 10 anos.
Considerando que pensar e sentir são ações intimamente ligadas, é  preciso refletir acerca do papel da afetividade no funcionamento psicológico e na construção de conhecimentos cognitivo-afetivos. É necessário valorar a afetividade como pressuposto básico para a aprendizagem e a sua eficácia na avaliação do rendimento escolar.
(?)
A maneira como a escola avalia é o reflexo da educação que ela valoriza. Quando indagamos a quem ela beneficia, a quem interessa, questionamos o ensino que ela privilegia.
Em relação à interação professor-aluno, percebemos que a educação atual abre um espaço para essa parceria entre ambos, o que não percebemos, é a utilização da proximidade desta relação, no desenvolvimento das aulas e avaliação dos professores e alunos. Encontramos ambientes que propõem a afetividade mais como contato físico que nem sempre considera o aluno como ser autônomo, com direitos e desejos nem sempre iguais ao do professor.
 Avaliar o rendimento escolar, portanto, é um dos elementos para reflexão e transformação da prática escolar e deve ter como princípio o aprimoramento da qualidade do ensino, tendo em vista que esta, tem sido utilizada como parte de uma ação política, que visa através do processo educativo, como um instrumento de legitimação da seletividade da educação, conferindo ao ensino um papel subsidiário diante do fracasso do aluno.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 150
Ano 14, Novembro 2005

Autoria:

Lucilene Santos Tolentino Moura
Mestranda em Ciências da Educação. Professora do Ensino infantil e fundamental. Brasil
Lucilene Santos Tolentino Moura
Mestranda em Ciências da Educação. Professora do Ensino infantil e fundamental. Brasil

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