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Serviço Social ou Educação Social? Eis a questão...

Carta aberta ao presidente do instituto politécnico de Beja

Chamo-me Hugo Martins e no presente ano lectivo de 2005/06 sou finalista da licenciatura em Serviço Social leccionada pela Universidade Católica Portuguesa. Escrevo a Vossa Excelência pelo seguinte facto: apesar de ainda não usufruir de uma bagagem cientifica e prática sólida, gostaria de demonstrar perante Vossa Excelência a minha profunda indignação quando ao "novo" curso de Serviço Social promovido pela Escola Superior de Educação de Beja. Acho indecente o modo como transformam uma licenciatura inicialmente designada de Educação Social em Serviço Social. Talvez esta atitude resida no facto de a licenciatura em Educação Social ter usufruído de poucos candidatos, logo, esta situação levou à criação deste "novo curso" que, após uma atenta análise ao plano de estudos, apenas muda no nome!
Devo dizer a Vossa Exacelência que, perante a frase retirada do folheto alusivo ao curso, que passo a citar "(...) pretende-se com este curso formar profissionais reflexivos, críticos e criativos, capazes de intervir em situações diversificadas aos diferentes domínios do assistencialismo (...)", gostaria de salientar perante Vossa Excelência que o SERVIÇO SOCIAL já deixou de abraçar o assistencialismo há já alguns anos. Actualmente, o SERVIÇO SOCIAL age mediante uma óptica de empowerment, ou seja, uma partilha de poder com o utente, de forma a capacitá-lo de uma certa autonomia para que este seja capaz de solucionar os seus próprios problemas. O empowerment visa ainda desenvolver capacidades para fazer escolhas informadas bem como promover a participação na tomada de decisão.
Relativamente à qualidade do curso de "Serviço Social", esta deixa muito a desejar com determinadas disciplinas que compõem o plano de estudos. Gostaria de indagar o seguinte facto: se este é um suposto curso de serviço social porque é que existem disciplinas como: Fundamentos de Educação Social; Educação Social I; Educação Social II, Intervenção Educativa Especializada; Educação Social e Cidadania? Esta situação só demonstra que Vossas Excelências tiveram apenas tempo para proceder à mudança de designação do curso, mas talvez, por lapso, esqueceram-se de reformular o plano curricular.
Quanto à empregabilidade, pessoalmente e enquanto futuro ASSISTENTE SOCIAL considero-a um tanto ou quanto utópica, na medida em que, segundo dados da revista Fórum Estudante, a taxa de empregabilidade dos profissionais licenciados em Serviço Social é de 65%, logo não é uma percentagem que proporcione um pleno "conforto" dos estudante quanto a perspectivas futuras de emprego.
Outro ponto que gostaria de focar prende-se com a especialização do corpo docente. Gostaria de indagar novamente V. Exa. para o seguinte facto: Será que este curso usufrui de alguns profissionais com formação na área do Serviço Social? A resposta a esta pergunta deverá ficar ao critério de Vossa Excelência.
 Pessoalmente, espero que, aquando a constituição da Ordem dos Assistentes Sociais, o curso leccionado pelo nobre Instituto Politécnico de Beja não seja reconhecido pelos demais profissionais dados os lapsos que o constituem.


  
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Edição:

N.º 150
Ano 14, Novembro 2005

Autoria:

Hugo Martins
Finalista da licenciatura em Serviço Social, Universidade Católica
Hugo Martins
Finalista da licenciatura em Serviço Social, Universidade Católica

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