Página  >  Edições  >  N.º 150  >  Em África lucros da produção petrolífera - Não beneficiam as populações

Em África lucros da produção petrolífera - Não beneficiam as populações

A indústria petrolífera em África não está a beneficiar as populações locais e produz mesmo um abismo crescente entre a proporção dos lucros e a miséria em que vive a maioria da população do continente.
Na Nigéria, principal produtor africano de petróleo, a violência é um efeito colateral desta indústria. No delta do Níger, cerca de duas mil pessoas morrem anualmente fruto dos conflitos pelos direitos de acesso às zonas de produção, que visam invariavelmente as companhias internacionais.
Em Angola, segundo maior produtor africano de petróleo, esta indústria, que representa 52% do orçamento do Estado, não tem beneficiado os 12 milhões de habitantes. Segundo uma investigação realizada pela ONU no centro-sul do país, "nenhuma comunidade observada contava com um hospital e apenas 32% tinha acesso a uma enfermaria".
Nas ruas da capital da Guiné Equatorial, Malabo, os veículos todo-terreno importados marcam a ascensão deste pequeno país ao terceiro lugar na produção de petróleo na África subsaariana. Porém, apesar de os indicadores económicos mostrarem uma taxa de crescimento de dois dígitos e um aumento do rendimento per capita perto dos sete mil euros, o índice de Desenvolvimento Humano (IDH) calculado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento revela que a Guiné Equatorial desceu mais de 100 lugares relativamente à sua classificação no ano passado. A Nigéria (158º) e Angola (160º), também integram a lista de países com fraco desenvolvimento humano.
Sob pressão de instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial, que fazem da transparência uma condição para o alívio da dívida, foram obtidos alguns avanços. O Congo, por exemplo, publica na internet, desde 2004, os ganhos internos com o petróleo, ao passo que o Chade, país muito pobre que entrou em 2003 no clube dos produtores de ouro negro, adoptou uma lei única no mundo que atribui o essencial dos lucros do petróleo a sectores prioritários como a educação, a saúde e as infra-estruturas.


  
Ficha do Artigo
Imprimir Abrir como PDF

Edição:

N.º 150
Ano 14, Novembro 2005

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

Partilhar nas redes sociais:

|


Publicidade


Voltar ao Topo