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Antigos persas continuam a travar batalha contra Alexandre, o Grande

O filme "Alexandre, o Grande", do realizador americano Oliver Stone, tem provocado polémica e dá continuidade à controvérsia causada pela personagem histórica na antiga Pérsia, o actual Irão. Hassan Moussavi, professor de história na Universidade de Chiraz, não muito longe da antiga Persópolis, que Alexandre teria incendiado, fala sobre os prós e os contras do filme que é encarado pelos iranianos como mais uma tentativa estrangeira de reescrever a história do seu país.
"É preciso saber de que Alexandre estamos a falar. Em 3000 anos da nossa história não há nenhum vestígio arqueológico que comprove a existência deste Alexandre de que falam no filme", comentou, que seria aquele que venceu Dário III, o "Rei dos reis", último de uma dinastia de dois séculos derrotada pelo exército do conquistador.
Para os iranianos mais nacionalistas, porém, é preciso lembrar que o império persa estava em decadência, a população em estado de servidão e que Alexandre foi recebido como um libertador na Babilónia.
O filme de Oliver Stone, "construído sobre uma visão parcial da história", viria a somar-se a uma série de mal-entendidos ocidentais sobre a história do Oriente, afirma Hassan Moussavi.
No site da Organização Nacional do Património iraniano, o historiador Kaveh Farrokh aponta "graves erros" históricos ao filme. "O retrato dos iranianos da antiguidade é cómico e pode entender-se praticamente como um insulto". Roxane, a mulher persa de Alexandre, "não era negra, do mesmo modo que Alexandre não era escandinavo", apesar do estereótipo louro, nórdico e ocidental recriado por Oliver Stone no seu filme. ?Escolher uma actriz negra para interpretar Roxane é a mesma coisa que colocar uma mulher asiática a interpretar a Rainha Vitória", diz Farrokh.
Num momento em que as autoridades iranianas se insurgem contra o facto de o famoso Instituto Nacional Geográfico aceite que o Golfo Pérsico seja designado por "arábico", Kaveh Farrokh revolta-se com a mistura que Oliver Stone faz entre árabes e persas. "Parece que quando se trata dos iranianos e da sua identidade, reescreve-se facilmente a história para divertir o espectador".


  
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Edição:

N.º 142
Ano 14, Fevereiro 2005

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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