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Sucesso económico da China não é um bom exemplo de crescimento, diz Prémio Nobel da Economia

AS DESIGUALDADES

O sucesso económico da China tem vindo a ser acompanhado de graves limitações à saúde pública e ao agravamento das desigualdades sociais, afirmou recentemente o indiano Amartya Sen, Prémio Nobel da Economia em 1998, em entrevista ao jornal francês Le Monde.
"A China passou de um extremo a outro, de modelo social a modelo económico, sem conseguir conciliar os dois?, disse Sen, lembrando que durante o período maoísta o país desenvolveu uma política ambiciosa na área da saúde e da educação, ao passo que a sua performance económica era medíocre.
"No final dos anos 70, a China iniciou reformas e transformou a nossa visão do mundo, provando que um país pobre, por menor iniciativa que tenha, pode integrar-se com sucesso na economia mundial?. Esta conquista, porém, ?tem os seus limites?, disse Sen referindo-se ao facto de a qualidade da saúde pública ter diminuído e de se terem aprofundado as desigualdades a um ritmo que o próprio economista admite nunca ter assistido em qualquer outro país do mundo.
Neste contexto, "a ausência de um sistema democrático tem um papel importante?, já que se a China assentasse o sistema político sobre o multipartidarismo, refere Sen, ?nenhum governo teria sobrevivido a uma privatização tão brutal do sistema de segurança social e de saúde ou a uma distribuição tão desigual dos benefícios do crescimento económico?.
Na Índia, explica, ?acontece a situação inversa, com o novo governo a defender a globalização mas a fazer uma distribuição mais equitativa da riqueza". Por estas razões, conclui, ?o exemplo na China não é certamente uma lição para os outros países, porque sabemos que o mundo precisa de investir na educação, na saúde e numa visão de desenvolvimento que privilegie a igualdade social".


  
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Edição:

N.º 142
Ano 14, Fevereiro 2005

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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