Página  >  Edições  >  N.º 142  >  Paris, capital mundial da biodiversidade

Paris, capital mundial da biodiversidade

A NATUREZA

Paris recebeu, entre 24 a 28 de Janeiro, uma conferência internacional sobre a biodiversidade destinada a fazer um balanço das ameaças que pesam sobre a natureza e propor soluções para remediá-las, um encontro que contou com a presença de cerca de 1200 investigadores, autoridades políticas e ecologistas.
A biodiversidade define a variedade de espécies e dos ambientes naturais em que estas evoluem. Segundo os especialistas, o planeta vive uma crise de extinção sem precedentes. De acordo com as estimativas, desaparecem todos os anos entre 25.000 e 50.000 espécies devido às mudanças introduzidas pelo homem, algumas delas mesmo antes de terem sido identificadas ou descritas: somente 1,7 milhões de espécies estão catalogadas, de um total de mais de 10 milhões.
Diante desta hecatombe, "a comunidade científica está dividida, dispersa e não tem meios para realizar as investigações necessárias", explica Michel Loreau, investigador da Universidade de Paris VI e presidente do conselho científico que organizou a conferência.
O encontro "constituiu uma oportunidade única para criar uma ponte entre os cientistas, as autoridades políticas e o grande público", mas, ao contrário da mudança climática, muito divulgada pelos meios de comunicação social através dos trabalhos do grupo intergovernamental sobre a evolução do clima, a biodiversidade não conta com nenhum grupo especialista a nível mundial para alertar os chefes de Estado das ameaças contra a natureza.
A Convenção sobre a Biodiversidade, assinada em 1992, não tem qualquer instrumento jurídico para a sua aplicação, como acontece com o protocolo de Quioto. A comunidade internacional comprometeu-se em 2002, na cimeira de Joanesburgo, a reduzir de maneira significativa a perda da biodiversidade até 2010, um objectivo considerado vago, segundo Michel Loreau.
Apesar de Loreau lamentar que, na altura, não tivessem sido postas em prática medidas padronizadas e sistemas de acompanhamento, a própria conferência de Paris não adoptou nenhuma medida formal nesse sentido, propondo antes a criação de um grupo de especialistas mundial sobre biodiversidade baseado no modelo existente para o clima.


  
Ficha do Artigo
Imprimir Abrir como PDF

Edição:

N.º 142
Ano 14, Fevereiro 2005

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

Partilhar nas redes sociais:

|


Publicidade


Voltar ao Topo