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Tudo se transforma

LIPOR ? Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto

Dar um melhor destino final às cerca de 1350 toneladas de resíduos sólidos urbanos produzidos diariamente por 1 milhão de habitantes. Assim de resume a acção da LIPOR ? Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto. A sua actuação abrange oito municípios: Povoa de Varzim, Vila do Conde, Maia, Matosinhos, Espinho, Valongo e Gondomar, Porto.
"A separação é a chave do tratamento de resíduos, quanto mais os conseguirmos separar melhor os conseguiremos tratar". Quem o diz é Nuno Barros, biólogo do departamento de novos projectos da LIPOR. Mas a ideia anda há muito a circular em campanhas de sensibilização. Conseguir esta separação implica um envolvimento grande de todos os cidadãos e a sua participação. O sistema de gestão da LIPOR tem quatro vertentes diferentes, mas interligadas para tratamento de lixo: o Centro de Triagem (reciclagem multimaterial), a Central de Valorização Orgânica (compostagem), a Central de Valorização Energética e o Aterro Sanitário.
Reciclagem. A palavra é suficientemente conhecida. Para que o processo ocorra, é necessária a separação dos resíduos e o seu encaminhamento para o Centro de Triagem Multimaterial [ver caixa]. O lixo que aí se separa provem dos Ecopontos verde (vidro), amarelo (metais e plásticos) e azul (papel e cartão), dos Ecocentros e da recolha selectiva porta a porta, existente em algumas zonas dos municípios associados da LIPOR. Existem ainda alguns circuitos especiais criados para chegar a nichos de serviços: empresas, comércios (bancos, seguradoras, etc.). Um desses circuitos é o Ecofone, as empresas fazem a separação do material (papel, vidro, embalagens) e depois ligam para a LIPOR o ir buscar [ver Números].
Menos conhecida será a Compostagem [ver Glossário]. A palavra está associada a um novo projecto da LIPOR, a Nova Central de Valorização Orgânica. A ideia é tratar a matéria orgânica para a produção de adubo. A recolha será feita, entre os grandes produtores de matéria orgânica: mercados, feiras, restaurantes e cantinas. Para já a recolha de resíduos orgânicos domésticos está prevista, apenas, como projecto-piloto em algumas zonas. Nuno Barros prevê que essa possa ser ?a fase mais complicada?.
Tudo o que não é desviado para a reciclagem ? seja porque as pessoas não separam, seja por não haver reciclagem possível ?, nem para a compostagem, tem um outro destino: a Central de Valorização Energética. Nela procede-se à combustão controlada de resíduos para a produção de energia, através de incineração. Deste processo resultam dois tipos de produtos: escórias que não ardem e cinzas, depois de lhes ser retirada a perigosidade, ou seja, inertizadas. Ambos são enviados para o aterro sanitário.

O elo mais forte

Tudo começa na pessoa que separa o lixo reciclável do indiferenciado. Informação sobre como o fazer há. Os Ecopontos estão aí. Mas a separação de resíduos ?implica uma maior consciencialização por parte do consumidor e um pensamento integrante ao longo do processo?, diz Nuno Barros e não basta.
?É preciso fazer um grande esforço para aumentar a participação cívica ao longo de todo o processo?. E com isto Nuno Barros refere-se a dois aspectos: a produção de embalagens e a criação de saídas para os materiais ainda não reciclados.
?Não adianta nada como cidadão querer separar um copo de iogurte porque não há reciclagem no final, também não me adianta nada não querer comprar o iogurte num copo de plástico se for a única solução disponível no mercado?, observa Nuno Barros. A solução, aponta, passa ?por um envolvimento dos fabricantes no sentido de produzirem embalagens que sabem que podem ser recicladas e um envolvimento das empresas recicladoras?. Com isso, ?o cidadão terá mais possibilidades de fazer uma escolha que lhe permita fazer a separação dos seus resíduos? acrescenta Nuno Barros.
É neste sentido que o biólogo do departamento de novos projectos da LIPOR reivindica que o consumidor tenha ?uma palavra forte a dizer?: ?Se no supermercado, as pessoas não comprarem um produto por estar embrulhado num celofane e ter ainda uma placa de esferovite ou uma caixa e outro celofane, ou seja, uma quantidade enorme de embalagem, o fabricante irá obviamente mudar a forma de o embalar.?


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 141
Ano 14, Janeiro 2005

Autoria:

Andreia Lobo
Jornalista, A Página da Educação
Andreia Lobo
Jornalista, A Página da Educação

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