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Conservadorismo

Darwin atacado pela direita religiosa nas escolas americanas

A teoria da origem das espécies de Charles Darwin, unanimemente reconhecida pelos cientistas como fundamento da biologia moderna, tem vindo a ser atacada pela direita religiosa americana que deseja introduzir no ensino a ideia da origem do mundo com base numa "inteligência superior".
A teoria de Darwin, que defende que o homem descende do macaco, é questionada pelos membros religiosos mais extremistas dos conselhos escolares locais, como o da pequena cidade de Dover, na Pensilvânia, onde os professores de biologia têm de ensinar aos alunos de 14 anos que existe uma força criadora superior.
A decisão, adoptada em Outubro do ano passado, constituiu o maior avanço da corrente "criacionista", que defende a teoria de que os animais e plantas foram criados isoladamente, espécie por espécie.
"Em 2004, verificaram-se diversos revezes no ensino da teoria da evolução em 24 estados dos EUA, mas felizmente nenhuma das lei anti-evolucionismo apresentadas em cinco deles foi aprovada", explica Eugenie Scott, directora do Centro Nacional para a Educação Científica, com base em Oakland, na Califórnia.
Depois da eleição de George W. Bush para um segundo mandato na Casa Branca e o avanço dos conservadores a nível regional e federal, "a direita religiosa sente-se muito poderosa, pensa que seus pontos de vista vão de vento em popa e que ela deve mostrar-se mais agressiva na apresentação das suas ideias, sendo de prever que irá reforçar as suas posições nos próximos anos", refere Scott.
Na Geórgia, no condado de Cobb, o conselho educativo local acrescentou avisos nos manuais de ciências prevenindo que os textos nele contidos continham informações sobre a evolução, referindo-se a ela como "uma teoria, não um facto a respeito da vida". Um grupo de pais não gostou da medida e entrou com um processo contra ela.
O sistema educativo americano é totalmente descentralizado. As escolas particulares elaboram os seus programas livremente e no sistema público apenas 22 Estados estabelecem uma lista de manuais recomendados. Na maioria dos estabelecimentos de ensino, a liberdade de escolha é total.


  
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Edição:

N.º 141
Ano 14, Janeiro 2005

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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