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A entrada da Turquia na Europa

Em 2015, se tudo correr como  o previsto, a União Europeia será tão grande que chegará ao Irão e ao Iraque. É que 2015 é a data prevista para a entrada da Turquia na União Europeia, ao fim de dez anos de negociações a iniciar em 2006. A Europa invadirá assim a Ásia Menor e reciprocamente.
Em 2015, a dança do ventre vai deixar de ser tradição de povos estranhos para tornar-se muito nossa e europeia, sendo apenas de temer que Bruxelas imponha às bailarinas turcas o uso de sabrinas, impedindo assim que tal bailado continue a ser dançado com os pés descalços.
Aparentemente, a Turquia parece disponível para aceitar o Governo greco-cipriota do Sul de Chipre, com as nuances diplomáticas habituais nestas circunstâncias, na esperança de poder usufruir, em 2015 da liberdade de circulação  de pessoas, mercadorias, capitais e serviços vigente na União Europeia.
A possível entrada da Turquia para a União Europeia coloca problemas de natureza financeira à Europa e problemas de natureza política por força da oposição de quem entende que um país esmagadoramente muçulmano não cabe numa comunidade de cultura cristã..
Embora reconhecendo que um homem que mordeu um cão é mais notícia do que um cão que mordeu um homem, não deixa de ser curioso que a France Press tenha noticiado, há cerca de um mês, que um lobo apanhou e devorou um menino de 10 anos, em Talas, cidade do centro da Turquia, quando este saia da sua própria casa.
É certo que a pena de morte foi abolida na Turquia e que já foram suprimidas as circunstâncias atenuantes para os chamados ?crimes de honra? contra mulheres, num esforço de democratização e de laicização de Ankara em contraste com muitos países do Mediterrâneo oriental? Mas bastará?
Os dados estão lançados e têm, pelo menos, o mérito de gerar discussão alargada. Uma discussão que se justifica e que deve centrar-se nesse inevitável choque de civilizações, mais equacionado depois do 11 de Setembro, entre o Ocidente e o Islão. A comprometer alguns conceitos de inclusão e de assimilação da diferença.


  
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Edição:

N.º 141
Ano 14, Janeiro 2005

Autoria:

João Rita
Jornalista, Porto
João Rita
Jornalista, Porto

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