HIGIENE
Um longo silêncio em torno da necessidade de acesso a mais e melhores casas de banho está a prejudicar a saúde de muitos milhões de pessoas em todo o mundo e o próprio avanço dos países em desenvolvimento, afirmaram especialistas em higiene e saúde pública que se reuniram recentemente na capital chinesa para uma conferência mundial sobre a matéria. "As pessoas não gostam de falar sobre casas de banhos porque é um assunto habitualmente associado a sujidade", explica Jack Sim, fundador da Organização Mundial de Instalações Sanitárias, com sede em Singapura, "mas o preço das pessoas não discutirem esta questão é confrontarem-se com instalações fedorentas, sujas, não funcionais ou simplesmente com a sua inexistência". Especialistas como Bindeshwar Pathak, fundador da organização não-governamental Salabh Internacional, não têm dúvidas em afirmar que a falta de instalações sanitárias é uma questão importante para o desenvolvimento mas que tem vindo a ser negligenciada. Nesse sentido, Pathak refere, por exemplo, que 700 milhões de pessoas não têm casas de banho na Índia, o que as força a defecar a céu aberto e a espalhar doenças. "E são as mulheres quem mais sofre porque só podem satisfazer as suas necessidades antes do sol nascer e depois de ele se pôr, o que dificulta muito as suas vidas", explicou, sublinhando que este assunto deveria merecer mais atenção. De acordo com o Programa para o Meio Ambiente das Nações Unidas, cerca de 2,4 mil milhões de pessoas em todo o mundo não têm acesso a instalações sanitárias. Como resultado, as fontes de água ficam contaminadas, permitindo a proliferação de parasitas, bactérias e vírus. Na maioria dos rios da Ásia, a quantidade de coliformes fecais é 50 vezes maior do que o máximo estabelecido pela Organização Mundial da Saúde. Na ausência de casas de banho limpas nas áreas rurais dos países em desenvolvimento, as pessoas, e principalmente as crianças, ficam facilmente doentes.
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