Um estudo levado a cabo pelo economista Eugénio Rosa, utilizando os dados oficiais publicados pelo INE, resume assim a situação do desemprego em Portugal no final do 3.º trimestre deste ano:
1. O desemprego corrigido, calculado com base em dados publicados pelo INE, atingiu, no 3º Trimestre de 2004, 516.500 trabalhadores ultrapassando, pela primeira vez, o meio milhão, e a taxa de desemprego corrigida 9,4%, ou seja, mais 38% do que a taxa oficial de desemprego que foi 6,8%. 2. Segundo o INE, num ano apenas ? 3T2003/3T2004 ? foram destruídos em Portugal 141.200 postos de trabalho em quatro profissões - profissões ligadas à agricultura e à pesca, e nos grupos profissionais ?operários, artífices e similares?, ?operadores de instalações, máquinas e trabalhos de montagem? e ?trabalhadores não qualificados?- que concentram mais de metade da população activa portuguesa, o que dá uma média mensal de 11.766 postos de trabalho destruídos nestas profissões, ou seja, 392 postos de trabalho destruídos por dia, incluindo sábados e domingos. 3. Num ano apenas, o desemprego de longa duração ( com um ano ou mais) cresceu 39,1% em Portugal, mas o desemprego de longuíssima duração (com 25 meses ou mais) aumentou 67,3%, o que revela dificuldades crescentes de uma parte significativa dos desempregados em encontrar emprego podendo estar a caminhar-se, se não forem tomadas medidas urgentes para inverter tal situação, para a exclusão social de um numero crescente e muito significativo de portugueses. 4. Cerca de 74% dos desempregados têm apenas o ensino básico ou menos, o que dificulta a sua reinserção no mercado de trabalho. Por outro lado, 97.200 desempregados (cerca de 26% do total) têm o ensino secundário ou superior (43.600 desempregados têm o ensino superior), o que indicia um elevadíssimo desperdício de mão de obra qualificada ou potencialmente qualificada num País de baixa escolaridade. 5. A verba inscrita no Orçamento da Segurança Social pelo governo para pagar subsídios de desemprego em 2005 representa, em relação ao orçamentado em 2004 para o mesmo fim, um crescimento de apenas 4% , o que é menos de metade do aumento verificada em 2004 (em 2004, aumentou 11,8%), e menos de um oitavo do crescimento registado em 2003 (em 2003, cresceu 34,8%). Tal facto, tendo em conta o crescimento previsível do desemprego em 2005 que os últimos dados do INE sustentam, só poderá indiciar ou um valor orçamentado claramente insuficiente para não ultrapassar o défice de 3% ou a intenção de reduzir o número de desempregados com direito a receber o subsidio de desemprego o que, a verificar-se, agravará ainda mais as dificuldades em que já vivem centenas de milhares de famílias em Portugal.
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