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Sida é considerada uma ameaça à segurança mundial

SIDA

A sida passou a ser considerada uma ameaça à segurança mundial pelo seu potencial em provocar conflitos e guerras em países devastados pela doença, afirmaram especialistas numa conferência sobre o tema que teve lugar em Londres no passado mês de Setembro.
Alguns participantes disseram inclusivamente temer pelo futuro de vários países do sul da África, onde milhões de adultos estão infectados pelo vírus HIV e não têm acesso a um tratamento adequado. A morte prematura destes adultos, além de ser nociva às economias nacionais, pode propiciar revoltas sociais e conflitos entre países vizinhos.
"A sida em si não causa guerras e levantamentos populares, mas pode desestabilizar", disse Joep Lange, um professor da Universidade de Amsterdão. Segundo ele, 12,3 milhões de crianças africanas órfãs poderão ser a longo prazo uma fonte de turbulência, crime e prostituição.
"África do Sul, Botswana e Suazilândia são países onde o surgimento de conflitos é potencial. No caso do Botswana, e se nada for feito, o país pode mesmo deixar de existir", acrescentou Lange. A taxa de adultos infectados na Suazilândia é de 38.8%, a mais alta do mundo, ao passo que o Botswana regista 37.3%, segundo estatísticas da OnuSida. Em sete países subsaarianos - Zâmbia, Zimbabwe, Suazilândia, República Centro-Africana, Lesoto, Moçambique e Malawi - a expectativa média de vida é de 40 anos.
Já o professor de economia da Universidade de Kwazulu-Natal, na África do Sul, Alan Whiteside, citou a Somália como o exemplo de um país que praticamente só existe no papel. Whiteside deu ainda o exemplo do Zimbabwe como um país em que a proliferação da sida estimulou a existência de um governo autocrático e arruinou a economia, sendo que o Malawi Suazilândia e Botswana estarão no mesmo caminho.
Em contrapartida, Whiteside disse que a luta contra a sida pode unificar países, desde que bem liderados, e citou o caso do Uganda, onde a taxa de adultos contaminados caiu de uma pecentagem de dois dígitos para 5% em apenas 15 anos.


  
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Edição:

N.º 138
Ano 13, Outubro 2004

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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