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Analfabetismo Digital

O mundo percebe hoje um dos maiores obstáculos para a expansão das novas tecnologias. Trata-se de um novo tipo de exclusão, não mais baseado no acesso aos alimentos, terra ou letras. Mas a exclusão digital.
O analfabeto de ontem era o iletrado, não conhecedor do alfabeto . Caso o cidadão lê-se uma linha ou escrevesse seu próprio nome já não era reconhecido como tal. Porém, esse conceito foi revisto pela ONU ? Organização das Nações Unidas ? E o analfabeto de hoje é aquele indivíduo que mesmo sabendo ler não consegue interpretar texto, ou seja, não entende o que leu. Isso muda drasticamente o cenário de muitos países, sobretudo o Brasil cujo ensino não prevalece a leitura, a abstração e o pensamento.
Se esse problema de base educacional não é resolvido imaginem a questão da inclusão digital. O analfabeto ?convencional? passa quase que imediatamente a engrossar a estatística dos iletrados digitais. Não estou falando da questão financeira na aquisição de equipamentos como computadores, ou software e sim o conhecimento para seu manuseio. De forma mais ampliada podemos dizer até que a interpretação da comunicação visual e lingüística será seriamente comprometida. Um exemplo são as mensagens publicitárias que usam linguagens apropriadas da Internet. A pessoa que não conhece esse meio de comunicação também não será capaz de  entender a mensagem.
Algumas empresas, ainda de forma bastante tímida, estão investindo na formação digital de seus funcionários. Nesses casos a empresa facilita a aquisição do equipamento e oferece um treinamento básico de informática, possibilitando assim que o colaborador tenha um mínimo de conhecimento para pagar contas em banco, passar e-mail , fazer pesquisa na Internet e outros. Mas em um país com cinqüenta milhões de pessoas vivendo em estado de miserabilidade absoluta esse casos isolados tomam a proporção de um grão de areia no oceano. O governo federal através da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil abriram linhas de crédito para a aquisição de equipamentos, infelizmente a apropriação cultural não se confere através de financiamentos, muito menos se encontra disponível nas prateleiras dos supermercados. O caso é grave e necessita de resultados imediatos. Toda tecnologia surge acompanhada de uma gradual necessidade de conhecimento. A fome destes excluídos será o impedimento do crescimento do nosso país do amanhã. Como em tecnologia o amanhã foi ontem, então teremos desde já um grande problema pela frente.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 135
Ano 13, Junho 2004

Autoria:

Fabiano Silvestre
Jornalista, especializado em Tecnologia da informação Mestrando em Multimeios pela Unicamp
Fabiano Silvestre
Jornalista, especializado em Tecnologia da informação Mestrando em Multimeios pela Unicamp

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