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Terror de Bagdad a Gaza

As torturas infligidas pelos soldados norte-americanos aos presos iraquianos detidos no forte de Abu Ghraib, em Bagdad, estão a esconder, pela sua brutalidade, a situação, não menos grave, que se vive nos territórinos palestinianos, com a proliferação de raides israelitas que matam e lançam o terror sobre as populações, numa acção sem precendentes
No Iraque, como na Palestina, não há ocupantes bons. Como salientou o insuspeito jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung as imagens das torturas no forte de Abu Ghraib são comparáveis às do massacre de civis em My Lai, que marcaram o começo do fim da guerra do Vietname. Sabe-se hoje que o Pentágono tinha, há meses, conhecimento, destas torturas e fez tudo para as ocultar .
Face às incómodas revelações, o Exército dos EUA terá repreendido meia dúzia de oficiais implicados... Paralelamente, no que respeita à actuação de Israel nos territórios palestinianos, também o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma moção condenatória, aproveitando a abstenção dos Estados Unidos no já habitual veto a tudo o que incomóda Telavive.
Outro raide de consequências trágicas, recentemente revelado, foi protagonizado pela Força Aérea dos Estados Unidos que bombardeou um casamento de iraquianos causando mais de 40 mortos. Os americanos, que começaram por negar este dano colateral, já admitiram a possibilidade de terem respondido militarmente à tradição iraquiana de disparar tiros para o ar em momentos de festa...
Com uma infelicidade evidente, um general do exército americano concluiria, a propósito destas bodas de sangue, que «os maus também fazem festas». Nem as empresas privadas de segurança, que adjudicaram alguns aspectos da guerra aos americanos, conseguem ir tão longe no desprezo pelas populações vítimas destas ocupações .
Admite-se que no Iraque existam de 15 mil a 25 mil agentes de segurança privados ao serviço do Pentágono. Alguns deles terão também estado implicados nas torturas do forte de Abu Ghraib, o que não ilibe a responsabilidade das potencias ocupantes responsáveis pela aplicação da lei. O Iraque ainda não é o forte de Guantanamo, a prisão, sem lei, que os Estados Unidos mantém.


  
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Edição:

N.º 135
Ano 13, Junho 2004

Autoria:

João Rita
Jornalista, Porto
João Rita
Jornalista, Porto

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