No quadro do sistema político vigente, (?) a palavra Ambiente passou a ser utilizada para delimitar uma fronteira entre o que é privado e o que é do domínio público ou de interesse social. É uma fronteira que se move.
O Ambiente tem o sentido de tudo aquilo que está lá fora, que supostamente será infinito, imutável e inesgotável. Mas será assim connosco, humanidade, neste planeta redondo e finito? No quadro do sistema político vigente, na verdade, a palavra Ambiente passou a ser utilizada para delimitar uma fronteira entre o que é privado e o que é do domínio público ou de interesse social. É uma fronteira que se move. No fundo não corresponde a nada que tenha a ver com a Natureza ela própria, mas sim com a organização e a actividade da sociedade humana na sua relação com a Natureza. E por essa via tem significado político e é domínio de intervenção política. Por isso há movimentos ambientalistas e até partidos que se reclamam ambientalistas. A Ecologia é uma disciplina científica recente, que reúne conhecimentos sobre os seres vivos e minerais, e as condições físicas e químicas existentes à superfície da Terra, para se ocupar das suas íntimas relações e interdependências. Mas muitas vezes essa palavra Ecologia é utilizada de forma muito livre e até já sem qualquer relação com o seu verdadeiro significado e âmbito de aplicação. Outras vezes é utilizada com sentido rigoroso mas integrando, para além das esferas geológica e biológica, a esfera da sociedade humana também, por esse modo reconhecendo e sublinhando as interdependências vitais entre o homem e a Natureza. Nesta acepção, o conceito de Ecologia radica no materialismo dialéctico e no marxismo. Os Recursos naturais mais básicos à vida do Homem são o ar e a água, em terra são as rochas e o solo e os seres vivos que sobre estes se suportam e são os mares e os seres vivos que os habitam. Mas para sociedades tecnicamente mais evoluídas, recursos são também os minérios, os combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural). Nas quatro últimas décadas, o próprio espaço exterior se tornou em recurso também, neste caso não pelo que vamos lá buscar mas pelo que podemos ir fazer lá (observar e estudar a Terra e o Universo, suportar redes de telecomunicações, e lamentavelmente, até para fazer guerra). As sociedades tecnicamente mais evoluídas tendem a fazer utilização mais intensiva de todos os recursos. E se os interesses de alguns prevalecem sobre os interesses da comunidade, a exploração irracional dos recursos naturais, principalmente os mais escassos ou frágeis, pode levar à sua degradação ou mesmo ao seu esgotamento, com consequências graves e duradouras. A utilização dos recursos naturais, sendo componente essencial à actividade económica, tem grande importância e significado político. Sustentabilidade é também uma ideia que ganhou importância nas três últimas décadas. A sua importância advém do reconhecimento, agora universal, que os recursos naturais são limitados, alguns são mesmo escassos. No fundo, as sociedades humanas dispõem de recursos naturais indispensáveis para o seu trabalho o para seu sustento. A diversidade de recursos utilizados e a maneira como são trabalhados, são elementos caracterizadores da cultura (material e espiritual) da sociedade. A escassez gera-se no conflito da evolução cultural com os meios disponíveis. Uma sociedade que utiliza mal os seus recursos, cria situações instáveis que diminuem ou agravam as condições de vida dos seus cidadãos, e que podem conduzir ao colapso da organização social, no imediato ou a prazo. Assim aconteceu com antigas civilizações. Oxalá saibamos ser sábios para que tal não aconteça com a nossa.
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