Enquanto o Japão se dispõe a enviar soldados para o Iraque, a sua primeira mobilização numa área de combates desde 1945, desenvolve-se uma polémica em Tóquio depois de o Governo ordenar aos poderosos meios de comunicação nipónicos que se autocensurem para proteger a segurança das tropas. Recentemente, a Agência de Defesa enviou memorandos à imprensa local e estrangeira pedindo que não sejam difundidas notícias que possam "prejudicar a segurança" dos soldados, ameaçando privar de informações esses órgãos. Desde então, os jornalistas protestam contra o que consideram um regresso da censura militar, totalmente contrária aos supostos objectivos humanitários da mobilização nipónica para o Iraque. "É certo que o nacionalismo militante japonês desapareceu, mas os métodos de controle dos meios de comunicação locais continuam", declarou Teruo Ariyama, professor de jornalismo na universidade Keizai de Tóquio. "A Agência de Defesa será a única capacitada para julgar se tal informação pode ser difundida ou não sem que ninguém possa verificar os critérios, podendo simplesmente dissimular a informação que vai contra os seus objectivos e ninguém perceber a diferença", acrescentou. A maioria dos japoneses opõe-se ao envio de tropas para o Iraque. Muitas pessoas consultadas temem que os soldados nipónicos terminem envolvidos nos combates. "Nós esperamos que vocês façam o vosso trabalho de jornalistas, mas sem deixar de levar em conta as medidas de segurança", disse, o primeiro-ministro, aos repórteres. Os influentes órgãos de comunicação nipónicos - os jornais são os primeiros do mundo em tiragem - e os especialistas na imprensa não estão convencidos. "Não há nenhuma diferença da propaganda do quartel-general do exército imperial (durante a Segunda Guerra Mundial). A atitude arrogante e anacrónica da Agência de Defesa supera toda a compreensão", denuncia um universitário num artigo publicado no jornal Mainichi Shimbun.
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