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Atitudes e procedimentos para conhecer na pré-escola

Arquitectando paisagens

Entendendo que a construção do conhecimento pelo aluno ocorre a partir de sua acção sobre o objecto de estudo (Vygotsky, 2000), desenvolvemos actividades que propiciaram novas leituras de lugares já familiares aos alunos
de cinco-seis anos da educação infantil o quarteirão onde fica a escola, a escola e a casa deles.

Um princípio de nossa postura pedagógica expressa-se pelo trabalho com as atitudes e os procedimentos necessários às acções de estudo do objecto, tanto da professora como dos alunos. Tais acções foram orientadas muitas vezes pelas crianças e em outras havia a marca da função social da professora. Outro princípio consiste no que Paulo Freire chamou de pedagogia da pergunta (Freire e Faundez, 1985): atenção à fala e/ou pergunta da criança e transformá-la num problema a ser trabalhado e estudado, desencadeando ações na busca da resposta.
Professoras e crianças deram uma volta no quarteirão da escola a fim de observá-lo e registrar na prancheta suas observações pesquisa de campo. As crianças sentavam-se no meio-fio para escrever e desenhar; copiaram o que viram escrito, mas viram também uma escrita que não podiam ler e copiar (pichação). Um aluno perguntou ao guarda de trânsito o que estava escrito em sua camisa e pediu-lhe que ficasse parado enquanto copiava a palavra.
Foi interessante ver alunos tão pequenos em atitude de estudo. Uma senhora perguntou a um deles o que estavam fazendo fora da escola: "Estamos fazendo pesquisa!". ­
Na roda de conversa, a acção de cada criança foi a de fazer a leitura de suas anotações na prancheta e ditaram um relatório para a professora e, posteriormente, um texto colectivo foi elaborado.
Propusemos a elaboração da planta da sala, a sua representação em desenho visto de cima, "como se estivesse num balão", na expressão de uma criança. A observação de um menino expressa o seu processo de significação do novo conhecimento ao enunciar que "planta é a construção vista somente o chão".
O que nos levou a discutir nas turmas a respeito do planejamento no processo de organi­zação e ocupação do espaço pelas pessoas.
Assim, reflectimos sobre o trabalho de arquitecto , urbanista e paisagista, por meio das histórias de vida e da obra de Niemeyer, Lúcio Costa e Burle Marx, com material da internet e de jornais.
Então, um quarteirão fictício e o da escola, o con­domínio em construção, a casinha da boneca foram lugares esco­lhidos pelas turmas para representar bi e tridimensionalmente. Em planejando a maquete, levamos os alunos a analisar a forma que a planta deveria ter e seus outros elementos, buscando as relações entre o que estavam desenhando e o espaço planejado.
Com a maquete pronta e a respectiva planta as crianças fizeram a leitura da maquete, estabelecendo relações entre elas. São ilustrações dessa leitura:
"A maquete não ficou toda igual porque a gente não olhou na planta."
"A gente não olhou a planta, vamos fazer tudo de novo com paciência porque não somos arquitectos, ainda temos que estudar muitíssimo.?


  
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Edição:

N.º 131
Ano 13, Fevereiro 2004

Autoria:

Jornal" Número Zero"

Jornal" Número Zero"

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