A Educação, esse animal querido e detestado, continua na "ordem do dia". Edgar Morin propõe que "a educação se dedique à identificação das origens de erros, de ilusões e de cegueiras". (1) Vivemos num tempo de desilusões; a "Educação", o tal animal, não existe só, sem actores múltiplos e concretos que a produzam. Lembram-se da pergunta: "acredita na Justiça"? e da resposta-padrão: "sim, acredito na Justiça". Qual o sentido da pergunta e da resposta? Alguém acredita na Justiça? Acredito na Justiça como valor, o que é confundido com "Justiça"/ "Sistema Judicial"; alguém se lembraria de perguntar: "acredita na Educação", querendo dizer algo como "acredita no Sistema Educativo"? As gargalhadas não parariam, com tal pergunta! (Talvez por isso não se perguntam coisas dessas). Com a Educação sempre se passa o mesmo, mais e mais tarefas são atribuídas à Senhora, mas ela não responde, porque não anda por aí, bípede, fresca e solta. O "sistema educativo" esse sim, anda por aí, espalhado por milhares de estabelecimentos de ensino, nas mãos e cabeças dos seus actores, alunos, docentes, pais, funcionários, políticos. O sistema educativo, tal como "as ciências" nada diz sobre a realidade que o ultrapassa e o condiciona, porque é ele que está contido no todo social e não o contrário. Crianças vendidas nas ruas, órgãos humanos também, como fazer para identificar o erro, ilusão, a cegueira?
(1) Edgar Morin, Os sete saberes para a educação do futuro, I. Piaget, 2002, p.25.
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