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?Pior que não ser colocada, foi não conseguir concorrer?

Depois de tudo que se passou, [em relação aos últimos concursos] penso que é uma obrigação (e também uma necessidade) expor a minha opinião, relatando alguns acontecimentos.

Estou certa de que, muitos passaram o mesmo que eu, mas questiono-me de quantos se terão remetido ao silêncio e nada fizeram, deixando que outros lutem por eles, ficando-se pelos queixumes à família, amigos e eventuais colegas com que se cruzaram.

 Sei que já vou tarde, mas "mais vale tarde que nunca". Pondero sobre a hipótese de ter sido mais produtivo ter ido à manifestação que decorreu em Lisboa, em vez de ficar fechada numa estação de correios a tentar concorrer, onde conheci uma colega grávida por trás dos balcões que me dizia "...está a perder o seu tempo. Eu já ando nisto há anos e sei como funciona...".

 Ao contrário do que o Sr. Ministro David Justino afirmou, longe da realidade estavam os 99% de professores colocados, tanto que se assistiu a uma segunda fase e depois uma terceira, no dia 13 de Outubro de 2003.

Escusado seria dizer que a segunda fase foi uma vergonha por se ter passado a responsabilidade para as escolas, mas pior foi o que sucedeu depois.

No último concurso, era suposto que todas as Escolas colocassem um anúncio das vagas por preencher. Essas mesmas vagas poderiam ser consultadas no site da DGAE (Direcção Geral da Administração Educativa), no site das Escolas e/ou em jornais. Para que um professor se candidatasse à vaga, era necessário que mandasse um e-mail, fax ou telegrama.

É a partir daqui que surgem questões que penso serem inadmissíveis:

  1. Porque razão passaram esta responsabilidade às Escolas, quando deveria ter sido feito um novo concurso, de acordo com as preferências dos candidatos não-colocados?
  2. Nem todas as Escolas tornaram públicos os horários, pelo menos no site da DGAE;
  3. As Escolas que colocaram anúncio no site da DGAE,  a maioria, não tinham os números de telefones correctos e, se os tinham alguns nem sequer atendiam; Não tinham as moradas electrónicas correctas (grande maioria) ou então não tiveram capacidade para tantos candidatos e, salvo erro, nenhuma Escola colocou o n.º de fax;
  4. Porque é que, para além do desmazelo (?), incompetência (?) em não verificar estes dados, não colocaram os nomes completos das Escolas, que pode dar confusão a quem quer descobrir o n.º de telefone?
  5. Porque é que, sabendo que muitas das candidaturas não estavam a chegar, pelos motivos já citados, algumas das Escolas se recusavam a verificar, obrigando a gastos adicionais?

Pior que não ser colocada, é nem sequer ter conseguido concorrer. Será que houve manipulação da entrada de candidaturas, será que houve incompetência impune? Eu acho que sim. E se alguém quiser ouvir, posso contar a conduta de muitas escolas, das quais eu até gostava de ver as listagens (e aposto que não sou a única).

Para rematar, volto a frisar, pior que não ser colocada é não conseguir sequer concorrer.


  
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Edição:

N.º 129
Ano 12, Dezembro 2003

Autoria:

Kimie de Oliveira Kon
Licenciada em Educação Física e Desporto
Kimie de Oliveira Kon
Licenciada em Educação Física e Desporto

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