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Edição de Autor - Era uma vez 1 gato

T.S. Elliot, escreveu, em 1939, Old Possum?s Book of Practical Cats, a história infantil de uma festa-celebração de gatos, que anima um ferro velho muito do agrado dos felinos e das felinas. Transformada em ópera, Cats esteve em cena no New London Theatre mais de 21 anos e em Nova York, no Winter Garden Theatre, cerca de 18. Foi o musical que mais tempo se manteve em cena. Anos e anos de ?Memory?.
Por cá, em edição de autor, estreou (que é como quem diz, foi publicado) há dias, 500 exemplares de ?1 gato?, com textos e desenhos de José Carlos Martins, uma foto de Isabel Salta, tratamento de imagem de Samuel Castro e informática de Luís Lopes. No preâmbulo, Humberto Rocha diz que os gatos, «seres terrivelmente livres», gostam dos humanos e que alguns são capazes de «construir pequenos gestos de afecto que nos comprazem» e até de nos fazer sorrir «naqueles dias em que a felicidade está um pouco longe».
Eis um exemplo da homenagem que o Zé (José Carlos Martins, doutor de desenhos e meu amigo) presta aos gatos:
«O meu gato percorre as veredas dos objectos confortáveis com respeito sonoro e táctil pela fragilidade. A velha jarra arte nova do casamento dos meus pais, um vaso poeirento que lhe cheira a selvas perdidas no interior de continentes desaparecidos no diâmetro irrisório de uma hemácia. De um texto. De uma falácia.
Trava a corrida, na sua própria solidão, a poucos centímetros da janela, majestade de montanha no milagre da casa. Fica perto dos vidros... não estão partidos. Olha-me com os olhos postos no infinito matemático, com equações resolúveis na água do banho, das feras, do urso e do jaguar. Sabe, nos olhos, de cios, de revoluções ao luar.
O meu gato vê deuses alados na ausência, que talvez não seja o modo mais seguro de os ver, mas ganha uma vigilância nobre, de aristocrata dos Balcãs, no tumulto do fim de século, nos julgamentos nus da moral».
Se virem por aí esse «1 gato», adoptem-no. É uma edição de autor, «terrivelmente livre».


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 127
Ano 12, Outubro 2003

Autoria:

João Rita
Jornalista, Porto
João Rita
Jornalista, Porto

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