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Comentário ao Artigo "Educação Desportiva" de Gustavo Pires

Exmo(s). Sr(s).

Concordo plenamente, que a disciplina de Educação Física tem de ser "remodelada". Contudo, essa viragem na disciplina não passa só por lhe mudar o nome... porque não é no nome que está o problema.
Educação Física não implica, somente, a cultura do corpo, porque mesmo que quiséssemos, só é possível separar a "mente" (alma) do corpo na morte.
Essa remodelação, em primeira estância, deve passar pela alteração dos conteúdos programáticos a leccionar, assim como pelos profissionais que irão leccionar esses conteúdos. Há gente demasiado "cansada e velha" para a leccionar, e muitos dos novos profissionais possuem capacidades no mínimo duvidosas.
Existem muitos estabelecimentos de ensino, que colocam "professores" no mercado de trabalho com notas muito elevadas, mas com pouquíssimas competências, enquanto outros exigem, formam professores, mas deixam-os no desemprego, (não querendo generalizar).
É necessário avaliar as faculdades e os professores.
É necessário que as escolas tenham capacidades físicas e matérias que permitam um bom funcionamento da disciplina.
Acima de tudo é necessário mudar a mentalidade da sociedade, principalmente dos alunos, dos pais e dos político em relação à Educação Física.
Estou igualmente de acordo em que a Educação Física seja e é um "(...)  espaço insubstituível da promoção de uma vida activa e saudável e de uma consciência crítica do Homem, da Sociedade, e da História." (Manuel Sérgio; Jornal "a Página" , ano 12, nº 125), mas isso não chega. Digo que não chega, porque acho que esta afirmação deixa o espírito competitivo de fora, e a competitividade, desde que seja sadia, é muito importante para a sociedade.
Agora dizer, no artigo EDUCAÇÃO DESPORTIVA escrito por Gustavo Pires (04 "a Pagina da educação" nº126), que:
"(...) a disciplina de Educação Física não passa duma mera animação físico-recreativa, de qualidade duvidosa,(...)";
e propõe transformar a Educação Física numa disciplina de preparação para um futuro lazer activo.
Por favor... que disparate...
Está claro que devemos educar os nossos alunos para um futuro activo e saudável, mas não tornar-lo no principal objectivo da Educação Física. Além disso qualquer bom professor já o faz, nem é novidade, nem precisa ser objectivo, está implícito na disciplina. 
A disciplina de Educação Física pode ter muitos problemas, mas LAZER é que ela não é, nem nunca poderá ser. Estou à vontade para o afirmar porque a minha área é de Recreação e Lazer.
Mas o mais absurdo é que este Sr., só admite a especialização dos professores a partir do 3º ciclo. Em vez de construir uma base sólida para disciplina a partir do 1º ciclo.
Como é do conhecimento dos profissionais de Educação Física, alguns dos estádios óptimos de desenvolvimento ocorrem nas idades em que as crianças frequentam o 1º ciclo e este Sr. propõe que as aulas de "Educação Desportiva" sejam leccionadas, aos nossos filhos, por "qualquer um".
Santa Paciência...
Nem todas as premissas, apresentadas por este Sr. são descabidas, no entanto, não podia deixar de comentar as que, na minha opinião, são inadequadas.
Devíamos basear-nos no modelo dos Estados Unidos, onde os atletas saem das escolas para os clubes, dando significado à Educação Física e ao Desporto. Não querendo dizer que Educação Física é só competição, muito longe disso.

Com os melhores cumprimentos
Manuel Carolino


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 127
Ano 12, Outubro 2003

Autoria:

Manuel Carolino
Licenciado pela Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física
Manuel Carolino
Licenciado pela Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física

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