Se tudo correr como o previsto, esta edição de ?a Página? estará nas bancas na quarta-feira de cinzas do Carnaval 2003, primeiro dia do resto das nossas vidas, tendo em conta que a ?contagem decrescente? para a guerra já começou, apesar da primeira grande manifestação global contra o conflito ter sido um êxito com recordes de participação em várias capitais da Europa.

O Brasil volta às primeiras páginas dos jornais pela via da violência política dos gangs durante o Carnaval (este ano potenciada por alguns dos opositores a Lula da Silva), enquanto que o tema da pedofília em Portugal vai sobrevivendo à custa da reanimação de sósias dos alegados pedófilos e é tornado público o fracasso de uma vacina contra o virus da sida, experimentada em doentes asiáticos e negros.

A Coreia do Norte não só diz que tem armas poderosas como ensaia mísseis no mar do Japão, desafiando os Estados Unidos da América - autoproclamados polícias do Mundo, acima de qualquer suspeita ? e ameaçando Washington com uma guerra preventiva se o Pentágono não inverter a concentração de tropas no paralelo 38, numa atitude pouco ortodoxa para quem quer a paz.

Osama bin Laden, a monte, e Saddam Hussein, em Bagdad, ambos, noutros tempos, armados e apoiados pelos Estados Unidos, são, agora os inimigos nº 1 da América e do Ocidente, incluindo a França e a Alemanha, apesar das reservas levantadas pelos governantes de Washington, entre os quais se contam alguns profissionais das grandes empresas exploradoras de  petróleo.

A Arábia Saudita, pátria amada de Osama, começa a ser nomeada, em muitos meios, como sendo, também, a pátria dos verdadeiros financiadores dos crimes do 11 de Setembro de 2001. Sendo público que a Árábia Saudita é o principal produtor de petróleo no Mundo e que o Iraque ocupa a segunda posição neste rol, toda esta teia de interesses é, no mínimo, perturbante.

Sublinhe-se tudo isto, nesta primeira quarta-feira de Março, por coincidência, ou não, a de cinzas.