[a obesidade] É a epidemia da sociedade da abundância: só na UE há cerca de 135 milhões de pessoas com peso a mais, revela um relatório recente. Na Europa, o excesso de peso já é o principal problema de saúde pública do século XXI.(?Público? 13/10/02)
A Organização Mundial de Saúde ?atira? números verdadeiramente alarmantes: o planeta tem 300 milhões de obesos, 45 por cento dos quais são cidadãos da União Europeia. É a factura que os países desenvolvidos têm de pagar por custos de saúde associados à inactividade.
E a pobreza e a fome aumentam, não param de crescer, matando pessoas, muitas delas de tenra idade... crianças com menos de 5 anos! Para além de outras medidas, o relatório mundial sobre a população (Dezembro de 2002) aponta o planeamento familiar como factor de diminuição da tragédia. A Escola diz: presente.
[a obesidade] está a crescer a uma velocidade alarmante configurando uma "epidemia pan-europeia que oferece uma encorpada barreira à prevenção de doenças crónicas e constitui uma ameaça directa à saúde das crianças". São já cerca de 135 milhões (75 milhões de homens e 60 milhões de mulheres) os cidadãos da UE cuja ficha clínica inclui a expressão ?excesso de peso? - com o alargamento, serão mais 70 milhões.
(relatório "Obesity in Europe - A Case for Action",
Um estudo da Roche Farma concluiu que um obeso-tipo gasta, entre produtos parafarmacêuticos, ginásios, massagens e consultas, cerca de 58 euros por mês. O estudo sublinha que é urgente regulamentar o mercado paralelo da obesidade - "médicos não ortodoxos que apregoam grandes taxas de sucesso, clubes de emagrecimento que cobram à sessão, produtos dietéticos" -, uma indústria que, calcula-se, movimenta em toda a UE cerca de 15 biliões de euros/ano.
A obesidade europeia é induzida por uma dieta hipercalórica e por um estilo de vida cada vez mais sedentário, que rarefaz as oportunidades para fazer exercício físico. A cultura do snack promove um sobreconsumo passivo de energia que se destina quase exclusivamente ao armazenamento: graças à tecnologia, as tarefas domésticas e laborais exigem cada vez menos esforços. Até os mais velhos são encorajados a gozar uma reforma relaxada.
A obesidade é um problema cuja responsabilidade é partilhada.
Os primeiros agentes responsáveis são comerciais. A conspiração envolve estratégias de "marketing" e manobras de "lobbying" - mas usa também agentes como a predisposição genética para o excesso de peso, as famílias que trocam comida caseira por uma "pizza" aquecida no micro-ondas, as escolas e as comunidades que não investem em estruturas desportivas e áreas de lazer, os poderes locais que não libertam ruas para bicicletas e peões e os media que veiculam imagens corporais estereotipadas.
O alerta é da Organização Mundial de Saúde: já há 22 milhões de crianças com menos de cinco anos que têm peso a mais. Na Europa, os níveis de obesidade infantil estão a crescer vertiginosamente, atingindo em média, um sexto das crianças.
As escolas estão numa posição-chave para lidar com o problema. Há medidas simples, como retirar das escolas as máquinas que servem bolos e refrigerantes, estabelecer rígidas obrigações contratuais com as empresas de catering. A receita pode ser: menos televisão, mais actividade física, menos consumo de gorduras, mais consumo de frutos e vegetais, novos currículos escolares e educação das famílias para a saúde.
Os mais novos, especialmente vulneráveis ao habilidoso "marketing" dos produtos hipercalóricos, devem ser o público-alvo preferencial das campanhas de combate à obesidade. As crianças obesas enfrentam um risco acrescido de doenças e distúrbios psicológicos vários, que, não raro, desaguam num mar de dificuldades de socialização e atrasos educativos. A Escola está aqui!
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