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Oficinal e doutor

Frederico Henriques, professor do 3º ano do Curso Técnico de Conservação e Restauro da Escola Artística e Profissional Árvore, no Porto

Tem ideia de quantos dos seus alunos quererão ingressar no Ensino Superior?
É uma percentagem baixa, no entanto, é melhor do que nada. Mas quando se ingressa num curso desta natureza as pessoas ainda vêem com uma ideia de que a Conservação e Restauro é uma coisa oficinal, isto é, um trabalho cujo âmbito está ligado à oficina e que, por isso, não tem seguimento no Ensino Superior. Nesta escola, aos poucos está-se a dar uma mudança de mentalidade. A disciplina perdeu esse caracter meramente oficinal e ganhou um carácter mais científico. Daí que alguns alunos tenham interesse em continuar este curso de uma maneira mais aprofundada, via Ensino Superior.
Um aluno que complete este curso, de nível III, e queira ingressar no mercado de trabalho, o quê que pode fazer e onde o pode fazer?
As saídas profissionais destes alunos, de nível III, estão nos ateliers particulares. Como ficou claro no Diário da República, num Decreto-Lei que saiu em Fevereiro de 2001 - no qual foi restruturada a carreira de conservador restaurador e escalonado o curso profissional de Conservação e Restauro - o perfil de um aluno desta natureza é trabalhar em equipa. A um aluno de nível III não compete orientar um trabalho, nem ser responsável por um atelier, mas ser um operador numa equipa. E, nesse sentido, quem poderá responder a isso são os ateliers privados, uma vez que ao nível oficial temos poucas saídas.

Os museus e as autarquias não procuram estes alunos?
Os museus procuram técnicos para satisfazer as suas necessidades de profissionais desta área. As autarquias quando necessitam de algum profissional do restauro procuram pessoas já formadas e adjudicam trabalhos directamente às empresas que existem no mercado, isto é, não existem ateliers nem oficinas de conservação e restauro dentro das autarquias.
O que lhe agrada mais, ouvir um aluno dizer que quer sair do curso e "ir trabalhar" ou ouví-lo dizer que quer "ir para a universidade"?
Agradava-me que os meus alunos aumentassem ao máximo as suas competências e isso passaria pela continuação dos estudos, não vejo outra via. No entanto, temos a noção clara que os cursos técnico-profissionais têm de responder ao mercado de trabalho...


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 113
Ano 11, Junho 2002

Autoria:

Frederico Henriques
Professor do 3º ano do Curso Técnico de Conservação e Restauro da Escola Artística e Profissional Árvore, Porto
Andreia Lobo
Jornalista, A Página da Educação
Frederico Henriques
Professor do 3º ano do Curso Técnico de Conservação e Restauro da Escola Artística e Profissional Árvore, Porto
Andreia Lobo
Jornalista, A Página da Educação

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