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Nova crise de mísseis
Enquanto em Moscovo, Putin recebia Bush aos beijos e aos abraços e a clamar que agora é que a Guerra Fria tinha chegado ao fim, em Cachemira, na fronteira entre a Índia e o Paquistão, vivia-se e continua a viver-se aquilo que a inteligência mundial denomina de "guerra de baixa intensidade".
Se Bush e Putin estão cada vez mais íntimos, Pervez Musharraf e Atal Behari Vajpayee estão cada vez mais inimigos. O Paquistão continua a testar mísseis com capacidade para atingir os países vizinhos, enquanto que a Índia vai dizendo que a paciência tem limites.
Os senhores de Islamabad e de Nova Deli têm bombas atómicas. O Paquistão e a Ìndia não pertencem ao clube dos cinco mais poderosos mas são potencias nucleares, o que torna aquela guerra de baixa intensidade, que se mantém, na disputa de Cachemira, desde 1947, potencialmente mais grave de que a generalidade dos chamados conflitos de baixa intensidade.
A situação é tão tensa que uma revista britânica de ciência já projectou os danos colaterais nos dois países, em caso de conflito militar limitado: três milhões de mortos e 1,4 milhões de feridos graves. Visto assim, com esta frieza, a balança pende para a Índia com os seus mil milhões de habitantes, contra os escassos 150 milhões de paquistaneses. Uns e outros pobres, entenda-se.
A Índia quer que Paquistão desmantele os grupos militantes islâmicos que combatem contra Nova Deli em nome da independência de Cachemira. É muito para um governo de um país que, desde Setembro passado, está às ordens dos Estados Unidos contra a vontade da respectiva opinião pública.
Alguns analistas já comparam esta crise à de 1962, quando a União Soviética instalou mísseis em Cuba e o mundo esteve à beira de uma nova guerra mundial. Na época o "equilíbrio do terror" evitou o pior. E agora?

  
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Edição:

N.º 113
Ano 11, Junho 2002

Autoria:

João Rita
Jornalista, Porto
João Rita
Jornalista, Porto

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