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(Re)Começar

Na imprensa escrita, falada e/ou animada de movimento com rostos e tudo, em Setembro, mês em que escrevo estas linhas, cumpre-se o ritual não ingénuo de aplaudir, problematizar, criticar, fazer profecias, etc. relativamente ao começo de mais um ano lectivo.
Também nos cafés, nas escolas, na publicidade, nas famílias se utiliza muito o termo. Ora bem, já que o gosto de jogar com as palavras me alicia, pego no "termo" com que acabei o período e dele me sirvo para partilhar a ideia que me levou a escolher o título desta coluna. Se há começo, houve um termo (terminar) de qualquer coisa. Parece-me que em matérias de educação nada termina, ponto final. Assim, gosto mais dos francófonos que falam de rentrée. No nosso país também se vai utilizando o francesismo, porventura mais por ficar bem, do que por dizer mais.
Se há sempre actores que, objectivamente, começam, a verdade é que o processo aprendizagem está espacial e temporalmente em desenvolvimento contínuo. Mau seria que houvesse episódios que acabam em si próprios ou sofrem de sequência falsa, pastosa, redutora.
Vendo agora por outra lente, é indiscutível e lamentável que determinados e determinantes aspectos sócio/culturais, e aí está presente a educação (onde é que ela não está ? alguém ousa mostrar a ignorância de afirmar que pode apontar uma ausência?), parece estarem na mesma, ou seja, muito mal. Outros, nem tanto!

Extractos do jornal "Público" de 9 de Setembro de 2001 (poderia ser outra a fonte, poderia ser outra a redacção):

"Muitas faltas no 1º dia de aulas. Para conseguirem chegar às escolas, as crianças árabes de Hebron têm de submeter-se à boa vontade dos soldados israelitas nos checkpoints ."
"Códigos de vestuário nos estabelecimentos de ensino norte-americanos. ... eles usam calças muito largas, daquelas que escorregam pela cintura ... elas envergam t-shirts demasiado estreitas ou tão curtas que se vê o umbigo... Pensamos que é preciso criar um ambiente favorável ao estudo. Um código de vestuário é a primeira etapa para a prevenção, explicou um responsável pelo Departamento de Educação do Estado da Geórgia."
"A abertura de um novo ano lectivo dá mais dores de cabeça aos pais do que propriamente aos alunos, sobretudo pelas expectativas que criam em relação às performances dos filhos. ... A inteligência não é tudo. (o que marca a diferença é ...( o facto de cada aluno apresentar uma arquitectura cerebral única, que lhe atribui um estilo muito pessoal de aprendizagem, que lhe confere um padrão mental específico ... "

Fonte: Instituto da Inteligência

"O tráfico de crianças do Benim para o Gabão prossegue e torna-se uma actividade quotidiana dos passadores, que inventam dia a dia novas estratégias. ... hoje devemos reconhecer que são realmente pequenos escravos. ... encontramos mesmo os que têm marcas de ferros de engomar nas fontes ou no seio."
"Enfim a lista (as listas resultantes da divulgação dos resultados dos exames do 12º ano(. E agora? Dúvidas - uma tabela baseada em critérios não deve ser exibida como absoluta. Cuidados - há maneiras artificiais de subir num ranking sem melhorar uma Escola."

Fico por aqui, hoje. Com vontade de continuar amanhã. Com alguns comentários. Mais ricos se vierem de quem me vai lendo. Fico à espera.

Iracema Santos Clara
Escola E.B. 2/3 Dr. Pires de Lima

  
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Edição:

N.º 106
Ano 10, Outubro 2001

Autoria:

Iracema Santos Clara
Escola E.B. 2/3 Dr. Pires de Lima, Porto
Iracema Santos Clara
Escola E.B. 2/3 Dr. Pires de Lima, Porto

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