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II Intercéltico de Sendim - Uma ementa farta

Astúrias (Felpeyu), Castela (Tradere), Escócia (Bùrach), Galiza (Banda de Gaitas de Verín, Na Lua, Os Xarelos) e Portugal (Abílio Topa e Cláudia Nelson, Las Fraitas, Lelia Doura, Realejo) ? é esta a rota com que se ?cose? o II Festival Intercéltico de Sendim (Miranda do Douro), que terá lugar na Escola Básica 2,3 no primeiro fim-de-semana de Agosto.

A abrir o certame (dia 3, às 22 horas), sobem ao palco principal os Realejo, um grupo que nos transporta "para o sortilégio da redescoberta das nossas raízes, estabelecendo com elas insuspeitos laços e inesperadas relações". Formado em finais de 1990, o grupo é o corolário de um prévio trabalho de investigação e de recuperação de instrumentos tradicionais portugueses, com particular destaque para a sanfona". Seguem-se os galegos Na Lúa ? originários de Porriño, eles próprios se definem como "um grupo permeável", em que se verifica a confluência de sons e referências de várias latitudes europeias, asiáticas e do norte de África; "também somos decisivamente influenciados pela proximidade geográfica e cultural de Portugal".

Ainda na primeira jornada, a partir da meia-noite e pela madrugada adentro, os também galegos Os Xarelos animarão a Taberna dos Celtas ? um espaço elevado à condição de instituição logo na primeira edição do festival sendinense ? com interpretações que se podem caracterizar como de "escrupuloso respeito pelas melodias originalmente compostas e recolhidas".

No sábado (dia 4), a função começa às 18 horas, no Largo da Igreja, com animação protagonizada por Os Xarelos e pelos castelhanos Tradere. Formados em 1994, destes últimos se diz que "combinam formas arcaicas com outras mais recentes, induzindo a uma participação e cumplicidade que vão da ternura e sensibilidade ao riso mais espontâneo, favorecendo um todo harmónico e festivo de grande solidez.

À noite, de novo no recinto da escola, o palco principal volta a servir dose dupla: Felpeyu e Bùrach. Os primeiros integram a linha avançada da folk asturiana, no que se apresentam como fundamentais "as fontes às quais recorrem: cancioneiros de música popular, manuscritos de música coral harmonizada em cantares populares, arquivos sonoros etnográficos e as próprias composições, baseadas em estruturas e ritmos tradicionais". Quanto à formação nascida em Edimburgo (1994), talvez bastasse dizer que se assume como "seriamente escocesa" e que logo no primeiro ano venceu o prestigiado festival escocês de bandas folk ? "conjugando a música tradicional com ritmos modernos e com apelativas composições próprias, o reportório do grupo tem-lhe valido a adesão dos públicos mais exigentes, de uma forma a todos os títulos surpreendente".

Depois, manda a ?tradição celta? que a festa se prolongue até o sol pairar no alto. Por isso, a Taberna voltará a animar-se, nesta segunda noite com a sonoridade impressiva das gaitas-de-fole ? sediados no Porto, os Lelia Douro assumem-se como um projecto dedicado ao estudo, divulgação e dignificação do instrumento.

Enfim, no domingo, as hostilidades são abertas na igreja paroquial (14 horas), com uma Missa Intercéltica interpretada por Abílio Topa (gaita-de-foles) e Cláudia Nelson (canto). E já em tom de ?até pró ano?, a animação volta a tomar conta do Largo da Igreja (15 horas), com Las Fraitas ? "um projecto de música tradicional que visa dar um novo impulso à recuperação do cancioneiro popular mirandês" e que se apoia numa larga experiência de tocar flauta pastoril e tamboril a par da gaita-de-fole.

Paralelamente aos concertos, estão programadas diversas iniciativas complementares: animação de rua com a Banda de Gaitas de Verín (Galiza), conferências ("Crónica do Folk Galego", por Óscar Lozada e Xoán Manuel Estévez; "O Teatro Popular Mirandês", Por Valdemar Gonçalves), passeio (Arribas do Douro), pedestrianismo (Sendim-S. Paulo), exposições (fotografia de Rui Lobo; aguarelas de Manuel Ferreira), lançamento bibliográfico («Lhonas, Lindainas, Sacadielhas, Cunta de Camino e Outras Cuntas», de Carlos Ferreira), mostra/venda de produtos das Terras de Miranda e feira do disco ? admitindo-se que estejam à venda no local, sugerem-se, a título de exemplo: Realejo [«Cenários», Movieplay, 1998]; Na Lúa [«Feitizo», Boa, 1999]; Tradere [«Andar Andola», La Fabrica de Ideas Musica, 2000]; Felpeyu [«Live Overseas», Urchin, 2000]; Bùrach [«Deeper», Greentrax, 2000].

Festa da gaita. Entretanto, a III Fiesta de la Gaita de Fuolhes, que será celebrada na Póvoa (Miranda do Douro), também já tem data: 1 e 2 de Setembro.

Promovida pelo Grupo Cultural e Recreativo Renascer das Tradições e, tal como o certame de Sendim, organizado por Sons da Terra - Edições e Produções Musicais, a ?fiesta? tem como aperitivos, no primeiro dia, uma Ronda de Gaiteiros pelas ruas da aldeia (15h30), as Conferências Gaiteiras (16h30), o I Encontro de Jovens Gaiteiros (18 horas) e o Jantar Comunitário no Arraial do Naso.

A festa, propriamente dita, tem início às 22 horas e nela participam gaiteiros de Constantim e Póvoa, Freixenosa, Bila Chana de Braceosa, S. Martinho e Malhadas (todos do concelho de Miranda do Douro), Urrós (Mogadouro), Deilão (Bragança), Serapicos (Vimioso), Lisboa (Gaitafolia), Mealhada (Os Amigos da Rambóia), Castela-Leão (Aulas de Aliste y Trás-os-Montes) e Galiza (Ultreia) ? relativamente a este último, trata-se de um ?obradoiro? de música tradicional, sediado em Santiago de Compostela, e que integra 70 elementos (bailarinos, pandeireteiras e músicos); fundamentalmente, o grupo dedica-se à recuperação das tradições galegas, principalmente as danças, as cantigas, os trajes e as músicas: muiñeiras, jotas, pasodobles, mazurcas, valsas e rumbas.

No domingo (dia 2), terá lugar mais uma Concentração e Ronda de Gaiteiros pelas ruas da aldeia (10h30), a que se segue a deslocação para a Senhora do Nasso, onde terá lugar uma missa com gaitas-de-fole (meio-dia). Depois de um almoço comunitário (13 horas), a III Festa da Gaita-de-Foles despede-se com um concerto de encerramento a cargo do Ultreia.

António Baldaia

  
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Edição:

N.º 104
Ano 10, Julho 2001

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