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Livros politicamente correctos
As escolas da província sul-africana de Gauteng poderão abandonar a leitura de conhecidas obras clássicas depois de uma comissão de avaliação as ter considerado "racistas", "sexistas" e "politicamente incorrectas", afirmou recentemente o ministério da educação daquele país.

A comissão, composta por professores daquela província, que compreende as cidades de Joanesburgo e Pretória, recomendou que "Hamlet", de Shakespeare, "1984", de George Orwell, ou o romance "July?s People", da autoria da prémio Nobel da literatura sul-africana Nadine Gordimer, fossem retiradas dos programas do ensino secundário. Aquela comissão considerou a prémio Nobel como "profundamente racista, autista e condescendente".

"Os alunos, tal como nós, devem ser confrontados com uma larga variedade de culturas e de tradições literárias", declarou o ministro da educação Ignatius Jacobs, à cadeia de televisão SABC. De acordo com o jornal "Citizen", o ministro considerou que os comentários da comissão "não tinham fundamento pedagógico e roçavam o anti-intelectualismo", anunciando que o seu ministério iria estudar um novo método de avaliação e selecção dos livros lidos nas escolas.

As declarações desta comissão provocaram também reacções polémicas na opinião pública, onde certos observadores chegaram a comparar a medida com a censura praticada no tempo do apartheid, citando o exemplo de um obra que teria sido interdita apenas pelo título: "Black Beauty" (Beleza Negra) - o título refere-se tão só a um cavalo preto.

(AFP)

  
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Edição:

N.º 103
Ano 10, Junho 2001

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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