O director geral da UNESCO, Koichiro Matsuura, calcula em oitocentos
e oitenta milhões o número de analfabetos adultos no mundo. Isto
significa 20% da população mundial. Quanto aos jovens calcula
a UNESCO em cento e treze milhões o número de não escolarizados,
dos quais 110 milhões pertencerão a países não desenvolvidos.
A UNESCO contínua a afirmar ser um dos seus objectivos
prioritários a erradicação do analfabetismo do mundo.
No final da década de oitenta, na Conferência
Mundial de Jontien (Tailândia), a UNESCO comprometeu-se a reduzir o analfabetismo
para metade, antes do ano 2000. Continua-se muito longe desse objectivo.
Para se erradicar hoje o analfabetismo é necessário
introduzir políticas que não esqueçam os adultos. Políticas
difíceis de introduzir se se tiver em conta que as políticas baseadas
na ideologia do mercado privilegiam essencialmente os jovens.
As políticas de erradicação do analfabetismo
são absolutamente necessárias para o desenvolvimento de inúmeros
povos que utilizam formas relativamente tradicionais de produção
e subsistência.
Erradicar o analfabetismo e não esquecer os adultos,
dar-lhes uma segunda oportunidade, reconhecer o direito à educação
ao longo de toda a vida, ainda que a educação dos jovens possa
ser uma prioridade, são princípios a não esquecer e a por
em prática.
É necessário chegar a todos os que estão
marginalizados: minorias étnicas e culturais, crianças exploradas
ou vitimas das guerras, inválidos e de modo particular as mulheres que
a nível mundial representam 63% dos analfabetos.
O director-geral da UNESCO apontou como prioridade das prioridades
òuma educação de base para todosó nos próximos
quinze anos. Não é seguramente por falta de diagnóstico
dos problemas e de propostas para a sua solução que os problemas
da humanidade não se resolvem. Nem sequer por falta de meios económicos,
conhecimentos e tecnologias disponíveis. Do que se trata é de
facto de uma outra forma de ver a distribuição da riqueza e dos
recursos disponíveis.
Koichiro Matsuura afirmou ainda que não basta escolarizar
100% dos jovens. É fundamental ensinar-lhes a ler, escrever e a se expressar,
sendo também necessário que todos tenham acesso a outros conceitos,
conheçam as ciências e possam beneficiar das tecnologias actualmente
disponíveis. De contrário continuaremos a ver acentuar-se a separação
entre ricos e pobres, advertiu.
A UNESCO pediu também que a opinião pública
internacional exija que aqueles que destinam menos de 1% do seu PIB à
educação reflictam sobre a importância desse investimento.
O director-geral da UNESCO chamou também a atenção
para o facto de não ser natural que o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário
Internacional (FMI) pedirem aos países para reestruturarem a sua economia,
com base numa redução dos gastos com a educação
ou a saúde. As receitas do BM e do FMI parece querem resolver o problema
do doente matando-o.
José Paulo Serralheiro
com AFP
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