O Visionarium é um museu interactivo de ciência, um local
único que é visitado diariamente por milhares de alunos de todo
o país, bem como da Galiza.
Ao acompanhar uma visita de alunos do 9ºano de escolaridade
surgiram-me algumas interrogações sobre a "relação"
entre o Visionarium e o ensino que é feito nas nossas escolas,
em particular o ensino das ciências.
No Visionarium o espaço está dividido
em subestações temáticas, algumas das quais muito distantes,
do ponto de vista dos conteúdos, do que é trabalhado nas escolas
do ensino básico e secundário do nosso país.
Será este facto intencional? Pretenderá o Visionarium
disponibilizar informações que normalmente não são
abordadas nos programas escolares? Não seria mais adequado, quer na perspectiva
do museu, quer na perspectiva dos alunos que o visitam, que o Visionarium
pudesse servir como forma de introdução ou eventualmente consolidação
dos conteúdos programáticos?
Mas na visita que fiz ao Visionarium, acompanhando uma
turma do 9ºano, observei que a maioria dos alunos executavam as experiências
ou manipulavam os materiais disponíveis sem demonstrarem grande espírito
crítico.
A curiosidade é uma característica inata do ser
humano e foi para mim, professor de ciências, algo preocupante verificar
que os alunos que acompanhei, na sua grande maioria, não denotaram curiosidade
pelos fenómenos apresentados- a informação escrita, demasiado
elaborada, só era consultada ("na vertical") por uma pequena
parte dos alunos.
Por que será que isto acontece? Como é possível?
- São exemplos de questões que quase não ouvi!
E o que estará na génese deste facto?
A ausência de trabalho experimental nas escolas, em particular
nas aulas das disciplinas da área das ciências é, do meu
ponto de vista, a principal causa da ausência de "curiosidade"-
condição importante no desenvolvimento do espírito crítico
e para o próprio processo ensino aprendizagem.
É hoje muito comum um aluno passar por todo o ensino
básico, quando não o secundário, sem quase não ter
realizado qualquer experiência.
Esta situação está a "produzir"
alunos indiferentes perante os fenómenos, perante a realidade, e a médio
prazo será toda uma geração que fica com um défice
muito importante.
A solução para esta situação passa
inevitavelmente pelo ensino experimental nas escolas. Cada um de nós,
professores e educadores, tem por obrigação desenvolver a actividade
experimental nas nossas aulas. As experiências não podem ser actividades
exclusivas de semanas culturais- têm que estar presentes no dia-a-dia
das nossas escolas. A falta de recursos, é entre muitas desculpas, uma
das apontadas. Mas todos sabemos que muito do trabalho experimental pode ser
feito recorrendo a materiais pouco dispendiosos.
Vamos, então, todos fazer com que faça sentido
a existência de espaços como o Visionarium!
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