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Usar uma linguagem agressiva ou o elogio como incentivo?

Um tipo de linguagem “suave” pode ter eficácia de um determinado professor para um determinado aluno, mas ser desastrosa se for usada por outro professor com esse mesmo aluno numa outra disciplina. Vários factores poderão provar o que acabei de dizer: os traços de personalidade dos intervenientes são diferentes, a área disciplinar é diferente, a relação entre os agentes é diferente, a receptividade à matéria é diferente, a disposição momentânea é diferente...

Parece-me, assim, que o caminho será confiar no professor e deixá-lo usar a estratégia que achar mais indicada, mesmo que aos de fora possa parecer muito estranha. Por exemplo, a linguagem corrente numa obra de construção civil é algo muito próximo da das bancadas de futebol, onde o “FdP” é uma expressão generalizada e perfeitamente entendida por todos como enquadrada no contexto futebolístico.
Quero dizer que não me chocaria saber que existam professores que usem um tipo de linguagem menos própria – mas real – com um certo tipo de formandos, num determinado contexto, se essa comunicação resultar em pleno. Poderei dizer isto de outra maneira: talvez os camionistas não sejam propriamente umas “florezinhas” e talvez os bibliotecários não sejam uns “rambos” dentro do nosso actual modelo de sociedade – sublinho actual, pois a tendência é, felizmente, sermos todos melhor formados.
Não pretendo dizer com isto que este é o melhor caminho. Pretendo, sim, que, dado o actual panorama dos nossos modelos educacionais e socioculturais, onde existem alunos completamente “deformados”, esta é uma das hipóteses a considerar. Ou seja, dever-se-ão usar todas as estratégias, dentro dos limites do bom senso, tendo em conta a situação específica e particular, de modo que se consiga obter a eficácia escolar que todos desejamos, mesmo se possa parecer anti-qualquer coisa a outros que se situam fora do contexto. Se o professor, em quem temos de acreditar, assumir os seus actos numa atitude responsável, tenho quase a certeza que apresentará bons argumentos e boas razões.
Já experimentei vários tipos de comunicação com vários alunos e concluí, como todos concordarão, que não existe uma receita. Alguns reagem mal aos incentivos (efeito pigmalião) provocando-lhes um excesso de confiança, e outros reagem muito mal a uma linguagem mais agressiva. No entanto, o contrário também se pode verificar.
Compreendo que “educar é dar o exemplo” – não podemos pedir aos alunos que sejam pontuais se nós não o formos. Mas os estatutos e posições são diferentes: por exemplo, se eu der uma palmada em cima da mesa (já em “desespero”) e mandar calar um aluno num tom mais elevado, ele não me pode repetir, copiando essa atitude, se quiser pedir a um colega para se calar; ou se eu tratar o aluno por tu, não estou à espera que ele me trate também, imitando-me.
O professor tem um papel que tem de ser valorizado, respeitado e ser visto como o elemento mais importante dentro do processo ensino/aprendizagem. Tem de ser responsável e assumir os seus actos, pois, deste modo, muito dificilmente outro poderá dizer que está a fazer um mau trabalho. O aluno tem, simplesmente, de saber posicionar-se na sua condição de aprendiz.

Luís Ricardo


  
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