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Jordi Savall: recusa de prémio foi “estritamente musical”

O catalão Jordi Savall esteve esta terça-feira no Porto, subindo ao palco da Casa da Música com o projeto Hespèrion XXI. Antes do espetáculo, falou aos jornalistas e voltou a criticar as políticas culturais dos sucessivos governos de Espanha, motivos que o levaram a recusar o Prémio Nacional de Música, atribuído na semana passada pelo Ministério da Educação, Cultura e Desporto. Uma recusa “estritamente musical” e não uma tomada de posição relativamente à situação que se vive na Catalunha, garantiu.

“Foi para dizer em voz alta o que sempre disse: Espanha não se preocupa com a música, com os músicos, não trata do seu património musical. Há falta de interesse”, afirmou Jordi Savall, admitindo a recusa foi “uma decisão difícil”. “Quando me atribuíram o prémio fiquei contente. É um prémio bonito, e ainda vem acompanhado por 30 mil euros, mas depois pensei como posso aceitar o prémio de pessoas que durante anos se esqueceram da música?

Sem saber o que acontecerá se a Catalunha se tornar independente, considera, no entanto, que “os países da Europa que funcionam melhor são os mais pequenos” e que “a União Europeia não pode voltar as costas a seis milhões de pessoas, que são uma parte importante da cultura europeia”. E sublinha: “Estamos a falar de coisas fundamentais. Portugal teve sorte de, em dado momento da história, se ter separado de Espanha. Pode defender a sua própria cultura, as suas raízes.”

Recorde-se que, apesar de o Tribunal Constitucional espanhol ter declarado a suspensão do referendo simbólico sobre a independência da comunidade autónoma, o Governo da Catalunha decidiu manter a consulta marcada para o próximo dia 9 de novembro. Decisão de deixou Savall satisfeito, uma vez que “nada pode impedir o direito de uma comunidade dizer o que pensa”, de saber “quantos catalães são a favor e quantos são contra” a independência. E assegurou que vai votar, apesar de estar em digressão.

Jordi Savall é músico, compositor, investigador e instrumentista de música antiga. Tem mais de 170 discos gravados e uma carreira de cerca de 40 anos, tendo sido distinguido inúmeras vezes pelo seu trabalho. Conhecido também por criar e dinamizar projetos musicais e culturais, o músico fundou com Montserrat Figueras grupos de música antiga como La Capella Reial de Catalunya, Le Concert des Nations e Hespèrion XXI; este último esteve na Casa da Música, no âmbito do ciclo À Volta do Barroco, com um concerto baseado na obra de Dimitrie Cantemir, príncipe da Moldávia.

Maria João Leite/PÁGINA


  
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