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Desenvolver a sensibilidade dos alunos para o texto poético

Todas as estratégias capazes de estimular a sensibilidade são apropriadas, o interessante para isso é que seja frequentemente trabalhada para que ocorra um interesse por ela.

A prática da leitura de poesia está esquecida na maioria das escolas e, se o professor não tiver o hábito de ler poemas e não criar possibilidades de criação e interação, dificilmente conseguirá despertar esse interesse em seus alunos e muito menos mostrar a importância que ela tem para o desenvolvimento da sensibilidade e do emocional do ser humano.
A leitura e os trabalhos de poesias se fazem necessários para investigar as dificuldades dos alunos em interpretar e compreender o que o poeta transmitiu em versos. E isso não é só pela falta do conhecimento, mas pelo pouco contato que eles têm com ela.
O conhecimento que se refere às noções e conceitos sobre o texto, e, por último, o conhecimento de mundo, que é adquirido naturalmente através das experiências, do convívio social, cuja apropriação, no momento oportuno, é também essencial à compreensão de um poema. Se estes conhecimentos não forem respeitados, a compreensão pode ficar prejudicada e de difícil interpretação.
O maior desafio dos professores talvez resida na reaproximação do cognitivo com o afetivo. Ensinar a ler e, ao mesmo tempo, ensinar a gostar de ler. Amarrar a amalgamar as dimensões afetivas e cognitivas da leitura a partir de uma didática rigorosa e prazerosa, de sedução e encantamento.
A infância vê o mundo ilustrado, o mundo com suas cores primeiras, suas cores verdadeiras. Por isso, os poetas devem ser capazes de nos convencer de que todos os nossos devaneios de criança merecem ser recordados.
Todas as estratégias capazes de estimular a sensibilidade são apropriadas, o interessante para isso é que seja frequentemente trabalhada para que ocorra um interesse por ela.

Abrir um livro de poemas e começar a ler de forma prazerosa pode ser uma forma de preparar o trabalho em sala de aula e, com isso, abrir uma porta e um caminho para chegar ao aluno e partilhar com ele da beleza da poesia.
O aluno, no contexto da escola, frequentemente, realiza sozinho sua incursão pelo domínio da poesia, fazendo suas próprias descobertas, apesar do professor. A sala de aula, antes de ser o território da inventividade, é, na maioria das vezes, o lugar onde se anulam as possibilidades de criação e inovação.
A poesia e a arte em geral participam de uma área "não lucrativa" onde se inserem as atividades prazerosas e lúdicas, excluídas do programa de vida de uma sociedade voltada para o ganho.
Como os problemas da escola estão intimamente relacionados com os da sociedade no seu conjunto, pode-se perguntar em que medida a sociedade, com sua organização e seu sistema estanque de relações, sufoca a imaginação criadora dos jovens e em que medida a escola participa desse estiolamento, em vez de estimular a capacidade de criar, como deveria ser seu papel.
É, possivelmente, nesse aspecto de gratuidade da poesia que estará a base de sua exclusão das áreas ditas "sérias" dos conhecimentos, o que, certamente, é inspirado numa visão utilitarista e pragmática da educação e da vida em geral.
Em suma, a poesia é muito mais que um texto, é a arte de brincar com as palavras. Sensibiliza e precisa ser cultivada. Acredita-se que a leitura do gênero poético seja o caminho para um futuro melhor, pois, além de despertar a imaginação e a fantasia da criança, o incentivo à leitura resulta no melhor aproveitamento da criatividade e inspira a busca pela identidade.

José Miguel Lopes


  
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