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Pelo planeta e pelo futuro: os professores, sempre os professores

A educação ambiental nas escolas é uma prioridade improtelável. O combate à poluição, a defesa da natureza e a exigência de ordenamento do território não são apenas matéria de Ciências Naturais ou Geografia, mas sim conteúdos de cidadania transversais a todas as disciplinas.

Milhares de jovens estudantes saíram à rua a 15 de março e 24 de maio: lutam pelo seu futuro e, a seu lado, terão de ter, inequivocamente, os professores.
Na realidade, o aquecimento global, provocado por elevadas emissões de gases com efeito de estufa, não tem diminuído de forma significativa, apesar dos vários acordos internacionais a que temos assistido. Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço! parece ser a máxima de muitos países, cujos governos são constantemente assediados por grandes empresas que, no ‘reino’ do capitalismo, subsistem e têm como fonte principal a produção e o consumo de energia através de processos de combustão de hidrocarbonetos (carvão, gás...).
De facto, o volume das emissões de gases com efeito de estufa ultrapassou há muito a capacidade de defesa natural que o planeta tinha para eliminar esses gases da atmosfera. As populações correm graves perigos para a sua saúde e para a sua subsistência, sem de tal se aperceberem. Os ecossistemas estão já abalados com a extinção de várias espécies, o nível das águas do mar subirá e fará desaparecer muito mais cidades do que Veneza. O clima já está completamente alterado e provoca grandes tempestades, furacões incontroláveis, incêndios descomunais e o caos instalar-se-á, de forma inefável para a humanidade.
Quem serão os mais lesados? Em primeiro lugar, como sempre, as populações socialmente mais desfavorecidas que, não tendo casas de férias nem possibilidades económicas para viajar e se albergarem em bons hotéis, têm mais dificuldade em fugir ou em arranjar alternativas para viver. Em segundo lugar, os mais jovens. Porque aquilo que inconscientemente se destrói no planeta demora, por vezes, milhares de anos a recuperar. De facto, não há um planeta B. É o futuro da humanidade que está em causa. Não o porvir que há de chegar daqui a 50 anos, mas aquele que se perspetiva já dentro de menos de 20 anos. Não há um planeta B, mas pode haver um plano B, C ou D.

A ação reivindicativa dos jovens, em todo o mundo, mostra não só o conhecimento que têm do perigo iminente, mas também a consciência de que é necessário mudar muitas coisas e, entre elas, as atitudes dos governos, cuja obrigação é protegerem as populações, mesmo que contra poderes económicos mais ou menos ocultos, que eventualmente os sustentem ou seduzam.
A educação ambiental nas escolas é uma prioridade improtelável. O combate à poluição, a defesa da natureza, a exigência de ordenamento do território não são só matéria de ‘cadeiras’ como as Ciências Naturais ou a Geografia, mas sim conteúdos de cidadania (e de sobrevivência) transversais a todas as disciplinas.
Urge que em todas as escolas haja projetos de intervenção comunitária em que professores e alunos estejam implicados, conduzindo à conscientização das populações, no sentido do uso racional dos recursos naturais e da criação de maneiras de viver, conviver e sobreviver ecológicas. Neste âmbito, a Educação para a Cidadania pode ter um papel fundamental.
De facto, os próximos 10 anos são imprescindíveis na defesa do planeta. É necessário que as escolas mobilizem as comunidades escolar e educativa para que, individualmente e/ou em grupo, se proceda à apresentação de projetos de intervenção ecológica, de renovação energética, mesmo que contra interesses de enriquecimento fácil e rápido que põem em causa a vida da humanidade. Precisamos de transportes coletivos eficazes, que evitem a poluição dos veículos individuais. Carecemos de governos corajosos e conscientes de que não podemos ceder a mais contratos de exploração de petróleo e de gás, nem receber gás dos EUA resultante de explorações por fracking que afetam o equilíbrio das rochas e provocam tremores de terra; governos que pugnem pela utilização de fontes de energia limpas e sustentáveis, sob controlo público e até geridas pelas comunidades.
O papel da Escola, como sempre, é imprescindível. Os professores estão sempre ao lado – quiçá à frente – do futuro da humanidade.

José Rafael Tormenta


  
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