A novidade, além das pessoas, são as Coisas enquanto ‘comunicantes’. Coisas que não suportam, por exemplo, redundâncias como os falantes. E para que o possam ser em escala alargada, existe em crescendo uma disciplina de ontologias e respetivas semânticas.
O alvo é, na atualidade, além da (tele-)comunicação entre e para as pessoas, o da evolução para um ambiente – um ‘ecossistema’ – de Comunicação generalizada, também com e entre as Coisas... Uma comunicação aparelhada por aplicações (APP) dedicadas a tal fim, à comunicação num ambiente com milhares de milhões de coisas; biliões, mesmo, no longo prazo, para os mais entusiastas! Portanto, uma comunicação com e entre as Coisas que vão sendo fabricadas enquanto expressão das necessidades das pessoas no dia a dia, expostas independentemente das causas e de como são assumidas. Estas necessidades de atuação das Coisas são tanto as dirigidas ao ‘consumo’ – desde o comando e monotorização de eletrodomésticos nas residências às próteses corporais para fins de saúde, passando pelas ajudas à condução automóvel – como as dirigidas às infraestruturas de fornecimento de energia ou água ou, nas futuras cidades “sustentáveis e espertas”, as que passam pela iluminação pública, pela gestão de tráfego, pela segurança, etc. E se esta última área (sustainable and smart cities) se tem constituído como uma área-chave, onde diversos setores estão a atuar lado a lado, levando a uma enorme necessidade de interoperação dos diversos sistemas de comunicação, já se perfila também no horizonte o projeto de mutação na área da produção. Produção ultimamente tão esquecida, como sendo coisa velha, da era industrial, incluindo a produção na agricultura, agora que estaríamos na Sociedade dos Serviços - indústria que seria mais uma questão dura e suja de sociedades como a chinesa e outras da Ásia. Mais a mais, nas sociedades ‘desenvolvidas’ já se teria chegado ao cume, depois das três fases: mecanização, automatização e automação... Tudo cada vez mais feito por robôs, agora também na fábrica do mundo, a China e as suas subsidiárias. Robôs que fazem muitas coisas que eram feitas pelos trabalhadores...
IV REVOLUÇÃO. Mas eis que, também devido a agulhantes necessidades de reprodução do capital, se fala já de uma smart manufacturing (manufaturação esperta) nomeando-se mesmo uma Industrie 4.0 – a designação vem da Alemanha. A Quarta Revolução Industrial como já se refere! Em curso, pois, uma reconsideração integradora das partes do conjunto dos processos de produção em tempos de complexas cadeias mundiais de fornecimentos de componentes, e partes em geral, e das suas integrações nos produtos finais. As séries temporais, a sua baixa tolerância a falhas, etc., enfim, a necessidade acrescida de tratar os críticos processos de produção maciça de bens e de serviços. Todos estes domínios de Coisas requerem uma nova prática de comunicação. Uma prática que acabe com o isolamento das coisas em ‘silos’, que permita a comunicação com todas elas, dos diversos fabricantes e mesmo para a totalidade dos produtos de um mesmo fabricante. Pensem só nos equipamentos das casas. A novidade, além das pessoas, são, pois, as Coisas enquanto ‘comunicantes’. Coisas que não suportam, por exemplo, redundâncias como os falantes. E para que o possam ser em escala alargada, existe em crescendo uma disciplina de ontologias e respetivas semânticas – não apenas dos objetos em si, mas também das atuações necessárias nos momentos requeridos. E para tratar desta nova Babel, a primeira coisa a conseguir é criar ontologias de referência que intercomuniquem com as principais já existentes. Mas não só atar e pôr ao fumeiro. Pois aí se está!
Francisco Silva
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