Por estas e por outras boas notícias, mantenho a esperança de que os titulares do poder público delas tomem conhecimento e façam aquilo que é preciso fazer.
1. O novo ministro da Educação do Brasil diz-nos que “na Educação como na Cultura, não há limite: sempre se pode descobrir ou inventar mais. (...) Cada vez mais, a Educação deverá se culturalizar, deixando de seguir currículos rígidos”. Quero acreditar que tais declarações se constituam num bom augúrio e que o mandato do novo ministro por elas se paute. Mas as boas novidades não se quedam por aqui... O equinócio de março parece ter aberto uma Caixa de Pandora, não de desgraças, mas de prodígios.
2. Em Portugal, diretores de escola reconheceram que “a retenção não resolve o problema do insucesso”. E o Conselho Nacional de Educação recomendou o fim das reprovações. Esta não é a única entidade a alertar para as consequências negativas da retenção. O estudo Retenção Escolar no Ensino Básico em Portugal conclui que os alunos que reprovam não retiram qualquer benefício de terem ficado retidos e obtêm piores resultados no PISA do que teriam obtido se não tivessem repetido o ano.
3. A Comissão Europeia critica a cultura da retenção afirmando que a ‘bomba’ deve ser substituída por respostas a dificuldades de aprendizagem, enquanto um especialista corrobora esse parecer acrescentando que é o próprio modelo de ensino que promove o insucesso: “Estamos a preparar os alunos da mesma forma que preparávamos há cinquenta, ou cem anos, baseando o ensino exclusivamente na capacidade de reproduzir conteúdos. Ensinamos tudo a todos da mesma maneira e ao mesmo tempo, o que já não faz qualquer sentido.”
4. Em muitas escolas portuguesas e brasileiras, uma rede de projetos discretamente se prefigura, esboçando novas construções sociais de aprendizagem, à semelhança de uma Finlândia, que esboça o abandono do tradicional ensino por disciplinas. No novo modelo, que será aplicado nesse país por volta de 2020, todos os assuntos estarão interligados.
5. O Ministério da Educação francês lançou uma reforma assente em três pilares: flexibilidade, autonomia e interdisciplinaridade. Essa reforma sustenta que “as escolas devem alterar a sua forma de ensinar, dando mais importância aos trabalhos de projeto, aos trabalhos de grupo e proporcionando aos alunos oportunidades de procurarem relacionar a sua aprendizagem com aspetos práticos do quotidiano, tornando as suas aprendizagens úteis, coerentes e significativas”. O ministério classifica a sua reforma como uma “refundação da escola”.
6. Outra grata surpresa veio da Catalunha. Os colégios jesuítas dispensaram aulas e testes, eliminaram cursos, exames e horários. Derrubararm as paredes de suas salas de aula e criaram grandes espaços de trabalho em equipa, onde se adquirem conhecimentos através de projetos, com acesso a novas tecnologias. Um alto responsável jesuíta afirmou: “Em vez de olhar para o diário oficial, olhamos para o rosto das crianças e ajudámo-los a desenvolver os seus projetos de vida, para descobrirem os seus talentos. Juntamente com a família e a internet, procuramos construir pessoas.”
José Pacheco
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