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Promover a saúde no Ensino Secundário

Programas curtos, continuados e com grande envolvimento dos alunos, apoiados pelos docentes e pelas equipas de saúde escolar, são o caminho para trabalhar comportamentos promotores de saúde.

Os jovens do Ensino Secundário sofrem hoje diferentes pressões, dado que a sua vida de escolaridade obrigatória está prestes a terminar. Para uns, é a entrada no mercado do trabalho, para outros, é a continuação dos estudos na faculdade. É um momento da vida no qual se redefinem amizades, em que a competição é grande e a solidariedade é posta à prova. Por outro lado, é inquestionável o seu grau de autonomia crescente. Estão prestes a ser cidadãos de pleno direito, encartados e responsabilizados pela sociedade. Planear um programa de promoção de saúde contemplando estas caraterísticas dos jovens é fundamental.
Os jovens querem ser atores das suas escolhas e das influências que exercem nos seus pares, mesmo nos mais novos. A Conferência de Vilnius (17 de junho de 2009) resultou numa declaração com esse conteúdo (Melhores Escolas, Escolas Mais Saudáveis). Preparar os jovens para serem mentores de alunos mais novos em programas que trabalham determinantes da saúde como a alimentação, a atividade física, a higiene oral, o consumismo e a saúde mental é uma necessidade evidente.
O modelo que preconizamos inclui uma vertente em que se trabalhem as necessidades dos jovens para preparar a mudança de vida, como a saída da casa dos pais, o saber comprar e gerir um orçamento de forma saudável e manter-se ativo, seguro e bem consigo próprio, saber cozinhar alimentos, conservá-los e usá-los de forma sustentável e agradável.
É um modelo que pressupõe trabalho em níveis de ensino anteriores, quer na vertente de educação para a saúde, quer na de promoção de saúde, com trabalho desenvolvido ao nível das atitudes e dos comportamentos, não se quedando apenas pela vertente cognitiva, muito própria da educação. Pressupõe que os alunos, quando atingem o Secundário, já foram expostos a outras dimensões do programa, de forma continuada ao longo da sua vida escolar. Presume-se, ainda, que a política da escola/agrupamento de escolas é promotora de saúde, envolvendo igualmente os docentes, os funcionários não docentes, as famílias e os fornecedores.

A comunicação. Tal como preconizado para as escolas promotoras de saúde, entendemos que a relação com a comunidade deve ser visível. Começar por ter alunos de Secundário a trabalhar programas de promoção de saúde nas escolas dos 1º, 2º e 3º ciclos em eventos na comunidade, ou como tutores dos mais novos, pode ser o início dessa relação, contribuindo ativamente para o fortalecimento do capital social e da literacia na saúde.
Outra área de trabalho importante é a do uso responsável das redes sociais e dos formatos digitais de comunicação, que, sendo atrativa para estes jovens, pode ser nociva, se não abordada e trabalhada com os atores e alvos destes formatos. Desafios com atividades que promovem saúde, usando técnicas idênticas às que promovem comportamentos nocivos, mantêm o estímulo e canalizam uma influência positiva para a sociedade e para estes jovens.
Finalmente, estes programas devem ser breves, de preferência usando os três anos deste nível de ensino, com duas a quatro sessões/ano, com os jovens como alvo direto e complementadas por missões rápidas com desafios a iniciar e terminar em breves minutos, podendo ser realizadas durante intervalos letivos.
A grande aprendizagem para a vida e para a promoção da saúde vai dar-se nos momentos de trabalho com os mais novos, à medida do que diagnosticaram e se propuseram desenvolver. Desta forma, entendemos que a motivação para a ação e a experiência vivida serão parte integrante da sua identidade futura, cumprindo um grande objetivo da saúde e da educação.

Débora Cláudio


  
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