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As conferências do Casino

(ou como de Madrid se vê a Póvoa de Varzim)

Sigo pela Internet, o V Encontro de Escritores de Expressões Ibéricas, a decorrer quase em simultâneo com a ARCO de Madrid, no Casino da Póvoa de Varzim e fico a saber que Lídia Jorge venceu o I Prémio Correntes d?Escritas (10 mil euros), pela primeira vez atribuído este ano, no âmbito daquele encontro, com a obra «O vento assobiando nas gruas»,
O júri deste prémio -  Isabel Pires de Lima, Vergílio Alberto Vieira, Artur Queirós, José Viale Moutinho e Carlos Reis - analisou, na final, as obras «No interior da tua ausência» de Baptista-Bastos, «O desenhador» de Fátima Pombo, «O vento assobiando nas gruas» de Lídia Jorge, «Os papéis de K» de Manuel António Pina, «Um anel na areia» do angolano Manuel Rui, «A taberna da Índia» do mexicano António Sarrábia, «O que está no meu coração» da cubana Marcela Serrano, «O cemitério dos barcos sem nome» do espanhol Arturo Pérez-Reverte e «Tonto, morto, bastardo e invisível» do espanhol Juan José Millás.
Com a presença, na Póvoa de Varzim, de 60 escritores de 15 países,  as Correntes d? Escritas foram palco para o lançamento de 22 novos títulos e pretextos para vários serões de poesia... Com data de 13 de Fevereiro, e apesar de ser sexta-feira, leio no blog Rain Song que ?nos dias de chuva respira-se melhor? (http://rainsong.weblog.com.pt/) e transfiro para o disco duro da minha memória.
(...)?ontem, estiveram presentes nas mesas dois dos escritores portugueses que prefiro: Gonçalo M. Tavares e Possidónio Cachapa?(...). Também gosto de Possidónio Cachapa.   "A literatura é o sentido último das coisas" trouxe-nos também Hélia Correia estremunhada e com um discurso escrito por necessidade orgânica para tão matinal hora. Falou sobre a defesa da palavra, invés da defesa da literatura, pois parece ocorrer maior ameaça sobre a palavra. Abordou a fantasia e a infância, inferindo de outros pensamentos e da vida que não amadureceu e por isso escreve... querendo dizer que a escrita é o processo que tem de conjugar a realidade infantil do seu ser com a realidade absoluta do mundo adulto?(...).
A mesa "Literatura modus de olhar", trouxe-nos Possidónio Cachapa revelando uma ideia simples e que demonstra que o nosso maior amigo pode ser o melhor inimigo: será bom quando o leitor afirmar, após a leitura, que "é este o teu olhar" revelando que o escritor tem um estilo. Mas será mau quando o leitor pensa "é só este o teu olhar", negando ao criador a possibilidade ou eventualidade de se desenvolver ou diferenciar em si mesmo!
?Luísa Costa Gomes descobre-se pela escrita. Ángela Vallvey, jornalista-romancista-poetisa espanhola, escreve porque não é feliz. A escrita dá-lhe a felicidade que ela não tem no sexo, na paixão ou no amor. Considera-se poeta-guerreiro, numa luta permanente. Sendo a única criadora de poesia na mesa, brincou com a ideia de ser a melhor poetisa numa mesa de escritores, algo que nunca lhe tinha acontecido.?
(...)?A conferência de Eduardo Lourenço versou sobre Os Livros, onde a fascinação pelo tactear, pelo cheirar e pelo respirar dos livros e do pó dos livros se torna fundamental à vida. Eduardo Lourenço não é um homem da navegação na internet, assumiu tal posição por não ter tempo para tal, mas consciente de que hoje se escrevem livros pela internet.
José Carlos Vasconcelos apresentou Eduardo Lourenço e encerrou a conferência dizendo que não se leva o computador para a cama, mas o livro sim - apesar de perceber o que o jornalista-poeta pretendeu dizer, ele esqueceu-se que as novas tecnologias podem ser tão ou mais portáteis que um livro?.
(...)?Vergílio Alberto Vieira deu ontem mais uma tacada em JL Peixoto?
(...) ?Fiquei com muita curisiodade para o livro, já premiado em França e Espanha, de Ena-Lucía Portela, cubana e residente em Cuba, cem garrafas numa parede?.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 132
Ano 13, Março 2004

Autoria:

João Rita
Jornalista, Porto
João Rita
Jornalista, Porto

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